Os principais emergentes, por sua vez, aguardam posição americanaOs acordos sobre o clima na ONU continuam numa sinuca de bico. Esta é a conclusão do painel de abertura do segundo dia da Rio+15, conferência sobre mudanças climáticas que reúne líderes dos setores empresarial, financeiro, governamental e sociedade civil, no Rio de Janeiro.
Segundo Joe Nation, assessor do governo da Califórnia para assuntos de clima, apesar de boas iniciativas de alguns estados e empresas americanas, não se deve esperar muito dos EUA: "A posição do governo Bush é de esperar que os países emergentes também assumam metas. Mesmo que um presidente com mais boa vontade com a questão climática assuma depois das eleições do próximo ano, ainda assim ele enfrentaria um Congresso onde muitos ainda não reconhecem que o aquecimento global é causado pelo homem".
Por outro lado, os países emergentes, apesar de poluírem cada vez mais - a China acaba de passar os EUA como maior emissor global de carbono - só admitem estabelecer metas em um esquema onde os EUA participem. "Os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) só vão se mover em bloco, e não pretendem assumir a liderança. Os EUA tem esse dever", argumenta Luiz Felipe Lampreia, ex-chanceler brasileiro.
A opinião do brasileiro encontra eco em outro emergente, a Indonésia: "Todos os países devem ter metas, mas precisamos considerar as emissões históricas, as perspectivas de crescimento e a capacidade de cada país", defende a Ministra do Meio Ambiente do país asiático, Liana Bratasida.
Liana traz uma possível saída para o imbróglio: "a mudança climática não deve ser tratada como um problema ambiental, mas sim como um desafio ao desenvolvimento".
Para o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso já há consciência de que todos precisam dar sua contribuição: "a questão não pode ser resolvida por apenas um líder, um país, ou um setor". FHC argumenta, no entanto, que a primeira prioridade mundial ainda é restabelecer a paz. "Não podemos fazer guerra em busca da paz. A solução da crise ambiental ficará em segundo plano".
A atuação do Banco Mundial nos últimos anos está alinhada à opinião do ex-presidente: "A mudança climática está entrando muito lentamente na agenda do Banco Mundial, que é historicamente focada na redução da pobreza para assegurar a paz", alega Chandra Sinhá, especialista sênior da instituição multilateral.
(Por Gustavo Pimentel,
Amazonia.org.br, 20/09/2007)