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emissões de gases-estufa biocombustíveis
2007-09-24

Ex-ministro do Meio Ambiente da França e considerado um dos principais quadros do Partido Verde europeu, Brice Lalonde representou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) durante a discussão, nesta semana, sobre o futuro global diante das mudanças climáticas.

Depois de participar de conferência organizada por uma empresa do mercado de carbono, Lalonde falou à Agência Brasil sobre a necessidade de mecanismos econômicos para a solução dos problemas ambientais. Ele avaliou o funcionamento de instrumentos desse tipo, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), e defendeu parcimônia no estímulo aos biocombustíveis.

Agência Brasil: Qual o papel das discussões econômicas em relação às questões do meio ambiente?
Brice Lalonde: A OCDE sempre defendeu soluções baseadas no mercado para os problemas ambientais. Os mercados de carbono são elementos muito importantes nesse sentido. Eles podem não representar a solução para tudo, mas são partes importantes e vêm funcionando, dando bons resultados.

Hoje estamos avançando, inclusive com os resultados do mercado voluntário. E isso é interessante, porque nesse caso não foram criados ou pressionados por decisões políticas, são iniciativas voluntárias para colaborar com a causa ambiental.

ABr: Como países em desenvolvimento como Brasil e China estão posicionados nesse mercado?
Lalonde: Nós achamos que chegou a hora de discutir o papel dessas nações não as tratando como países em desenvolvimento, mas como potências médias. Eles já contribuem para o problema como os Estrados Unidos, como a União Européia e devem ser considerados como tais.

Acredito que, em um primeiro momento, você deve estabelecer compromissos firmes para esses países e depois se deve estabelecer metas; eu não sei quando, mas já é hora de começar a pensar nisso. Se você quer ter mercados você tem quer ter metas. É difícil, talvez tenhamos que flexibilizar, mas a questão é urgente, precisamos envolver todos os países.

ABr: Qual a sua avaliação do funcionamento do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo?
Lalonde: Está funcionado melhor que o esperado. O MDL foi uma surpresa, uma boa idéia, uma inovação. As pessoas não acreditavam que funcionaria bem, mas tem funcionado. Obviamente, ele é limitado pela demanda, as autoridades é quem definem o que pode e o que não pode ser um projeto de MDL.

Não é o bastante, é apenas adicional. Nós precisamos de muito mais, grandes investimentos para construir alternativas de energia, principalmente de energias limpas.

ABr: Qual a posição da OCDE em relação a à produção de biocombustíveis como alternativa energética?
Lalonde: É preciso tomar cuidado, porque o sucesso que você tem no Brasil não pode ser repetido em qualquer lugar. Nos Estados Unidos e na Europa, a natureza não é generosa como no Brasil. No Brasil, isso parece competitivo, não há briga pelo uso da terra com a produção de comida. Em outros países há essa competição, você tira terra da plantação de alimentos para produção de biocombustíveis e o preço da comida aumenta, e isso conta com altos subsídios.

Se você quer lutar contra as mudanças climáticas, você tem jeitos muito mais baratos e mais efetivos do que usar biocombustíveis. Implantá-los em países como os europeus ou mesmo nos Estados Unidos custa muito dinheiro para o contribuinte e não resulta tanto no enfrentamento das mudanças climáticas.

ABr: Mas não é mais sustentável que o uso de combustíveis fósseis?
Lalonde: Não estou certo disso. Porque se você tem uma alternativa que não emite tantos gases do efeito estufa, mas destrói a natureza e aumenta o preço dos alimentos, você vai ter prejuízos sociais, as pessoas vão ficar bravas, porque o pão ficou mais caro, o milho ficou mais caro.

ABr: O presidente George W. Bush convocou uma reunião internacional para discutir mudanças climáticas. Na sua opinião, isso significa alguma mudança de posicionamento do líder norte-americano em relação ao aquecimento global?
Lalonde: Não acredito que represente uma mudança no comportamento político dele em relação ao tema, mas sim dos Estados Unidos.  Há muitos estados que definiram metas de redução, há pressões no Congresso e há a pressão popular dos americanos por mudanças, por causa de episódios como o [furacão] Katrina, por exemplo.

Eles estão mudando. E nos EUA, as decisões vêm da base, não vêm da esfera federal. As decisões do governo federal virão em seguida.

Quanto à reunião, pode ser saudável discutir com o principal emissor, desde que ele concorde em discutir depois no âmbito das Nações Unidas.

O Bush já mudou algumas de suas posições, antes ele dizia que as mudanças climáticas não existiam, depois ele reconheceu que a temperatura está aumentando, e agora ele começa a sinalizar que, sim, eles têm responsabilidades. Ele está de olho nos riscos energéticos, não quer depender do petróleo do Oriente Médio, por isso estão começando a investir em biocombustíveis.

(Por Luana Lourenço, Agência Brasil, 22/09/2007)


 


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