As calotas polares do Oceano Ártico, que retraem com o calor do verão, esse ano recuaram cerca 2.5 milhões de quilômetros quadrados – ou seis Califórnias – abaixo da área média mínima das últimas décadas, relataram cientistas na quinta-feira (20/09). A área mínima de gelo esse ano, 4.1 milhões de quilômetros quadrados, parece ter sido alcançada no domingo. O gelo está se espalhando de novo sob a influência do profundo frio ártico que chega quando o sol for para baixo da linha do horizonte no Pólo Norte durante seis meses, começando nesta sexta-feira.
As descobertas foram feitas pelo Centro Nacional de Informações de Gelo e Neve em Boulder, Colorado, e publicadas on line no nsidc.org. Por mais que o rastreamento por satélite das calotas polares ter sido feito somente desde 1979, vários especialistas que estudaram os arquivos russos e do Alasca de muitas décadas disseram que o recuo de gelo esse ano provavelmente foi único no século 20, incluindo durante um período quente nos anos 30. “Eu não acho que tenha tido nada como temos hoje” nos anos 30 e 40, disse Igor Polyakov, especialista no assunto na Universidade do Alasca, em Fairbanks.
O derretimento das calotas foi particularmente impressionante esse ano. O lado do Alasca do Oceano Ártico tem milhares de quilômetros quadrados de água livre; a lendária Passagem Noroeste pelas ilhas do norte do Canadá estava livre de geleiras durante semanas; e a rota marítima entre os Oceanos Atlântico e o Pacífico ao norte da Rússia estava limpa há uma semana, com uma pequena massa de gelo ao redor de um grupo de ilhas siberianas.
Mark Serreze, um pesquisador do centro de gelo e neve, disse que era cada vez mais claro que as mudanças climáticas causadas pelo acúmulo de gases estavam desempenhando um papel no aquecimento ártico, que não é visto somente na flutuação de gelo, mas também no derretimento de geleiras terrestres, da tundra e no aquecimento da água do mar.
“Você não pode caracterizar isso como uma variável natural. “Estamos começando a ver o sistema responder ao aquecimento global”. Mesmo assim, ele e outros cientistas reconheceram que ambos os pólos eram sistemas extraordinariamente complicados de gelo, água e terra e as influências humanas e naturais não eram fáceis de distinguir. As geleiras ao redor da Antarctica viveram raras expansões de inverno recentemente, e essa semana atingiu praticamente um novo recorde.
(Por Andrew C. Revkin, The New York Times, 21/09/2007)