A elite industrial e econômica do mundo acelera sua resposta aos desafios impostos pela mudança climática, uma reestruturação que está definindo seus resultados financeiros, segundo o último relatório do Carbon Disclosure Project (CDP). O estudo, que será divulgado na segunda-feira, se baseia nos resultados de pesquisas feitas entre as 500 maiores empresas do mundo (FT500) e as 500 maiores dos Estados Unidos (S&P500) e revela "uma reestruturação mundial em nível econômico e industrial" motivada pela mudança climática.
Segundo o documento, a reestruturação "começou a redefinir a própria base da vantagem competitiva e os resultados financeiros tanto das companhias como dos seus investidores". O CDP é uma organização sem fins lucrativos encarregada de divulgar informações sobre como a mudança climática afeta acionistas e as operações comerciais das principais empresas do mundo.
Este relatório foi realizado em representação de grupos de investidores que administram ativos avaliados em trilhões de dólares, segundo o executivo-chefe da organização, Paul Dickinson. "A cada ano entramos em contato com as maiores companhias do mundo e pedimos que informem sobre suas emissões de gases do efeito estufa", explicou, destacando a participação empresarial cada vez maior na pesquisa, que este ano foi de 1.300.
Para Dickinson, "a novidade é o enorme aumento deste ano, o fato de que o projeto agora é respaldado por investidores que administram US$ 41 trilhões". Apesar disso, a pesquisa constatou as diferenças dos mundos empresariais da Europa e da América do Norte ao enfrentar a mudança climática. A maior taxa de respostas veio da Europa, com 86%, enquanto apenas 74% das empresas com sede na América do Norte participaram da pesquisa, embora seu interesse também tenha aumentando com relação a 2006, quanto teve 64% de participação.
Enquanto 80% dos que responderam ao FT500 consideram a mudança climática como um risco, mas também uma oportunidade para seus negócios, nos Estados Unidos mais empresas encaram a situação como um risco antes de uma oportunidade. Dickinson considerou importante fornecer esses dados aos investidores, para que eles "possam ver a quantidade de energia que a empresa utiliza e suas emissões. E assim começarem a considerar o que vai acontecer com essa companhia".
Outro assunto destacado foi o diferente compromisso das companhias de países comprometidos com o Protocolo de Kioto, como as da União Européia (UE), e os que optaram por ficar de fora do acordo, como os Estados Unidos. "As companhias européias passaram os últimos anos se preparando para um mundo com impostos e regulações sobre as emissões de gases estufa", afirmou.
O Governo dos EUA, no entanto, ainda não dispôs regulações ou possíveis impostos sobre esse aspecto, o que terminará sendo "uma desvantagem" para suas firmas. O estudo também comenta que, embora os investidores tenham mais informações sobre a mudança climática e as respostas das empresas ao desafio, isso ainda não se traduziu "em decisões de investimentos concretos em nenhuma escala".
(EFE, 23/09/2007)