O óleo de canola, cujo emprego como fonte de energia deveria contribuir para combater a mudança climática, gera mais gases causadores do efeito estufa que os combustíveis fósseis tradicionais, segundo um estudo do qual participaram cientistas de vários países. Os biocombustíveis que usam sementes de canola e milho produzem entre 50% e 70% mais gases estufa que os combustíveis fósseis, diz um estudo publicado pela revista Atmospheric Chemistry and Physics.
O mais preocupante é o fato de que as moléculas de óxido de nitrogênio liberadas pela queima do biocombustível são consideradas 296 vezes mais potentes como gás estufa que o dióxido de carbono (CO2). Os autores do estudo, entre os quais está o Nobel de Química Paul Crutzen (1995), descobriram que o uso de biocombustíveis gera o dobro de óxido de nitrogênio do que se pensava antes.
Entre 3% e 5% do nitrogênio desses combustíveis são lançados na atmosfera, enquanto cálculos anteriores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicavam que esse percentual não passava de 2. Nos Estados Unidos, o milho é a planta mais utilizada na produção de biocombustível (etanol), e sua produção para a indústria já superou a destinada à alimentação.
Já na Europa, predomina o uso da canola, base de aproximadamente 80% do biocombustível produzido no continente. Segundo Dave Reay, cientista da Universidade de Edimburgo, se o Senado americano permitir que a produção de etanol a partir do milho se multiplique por sete até 2022, as emissões de gases causadores do efeito estufa geradas pelos automóveis crescerão 6% no país. Por sua vez, seu colega Keith Smith, da mesma universidade, afirmou à publicação Chemistry World que a descoberta revela que "os supostos benefícios dos biocombustíveis são muito mais discutíveis do que se pensava".
(Efe, 23/09/2007)