Fracassou por ora, a iniciativa da Aracruz em firmar um convênio com o Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No dia 14/09, véspera da primeira reunião do Conselho Universitário (Consun) para discutir o tema e preparar o parecer do pedido de vistas,
os estudantes contrários ao convênio, foram informados que a Reitoria da universidade retirou o assunto da pauta por meio de um pedido do próprio Reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennemann, que alegou precisar de mais tempo para analisar o convênio com a empresa de celulose.
Para o estudante de biologia e membro do DCE e Instituto Coletivo, Eduardo Luís Ruppenthal, a notícia foi uma boa surpresa, porém não trouxe alívio em relação ao assunto. Segundo ele, ao contrário, trouxe um alerta porque na próxima reunião no dia 28 de setembro outro tema importante será discutido. Trata-se do
Projeto de Reforma Universitário (Reuni) do governo Lula. O projeto, junto a outras medidas provisórias já assinadas pelo governo federal, como a Lei de Inovação Tecnológica tem por objetivo incentivar e aprofundar as parcerias entre universidades e iniciativa privada, não como simples parceiros, mas como principal meio de busca de recursos, de sobrevivência das universidades federais.
“A tática de adiar um assunto polêmico como o convênio é estratégico, pois seria mais um assunto para mobilizar estudantes, servidores, professores e sociedade organizada”, analisa Ruppenthal. O estudante recorda que outro protocolo de parceria com a mesma empresa proposta pela Faculdade de Agronomia foi barrado em março com a participação de
mais de 600 mulheres da Via Campesina.
Ruppenthal afirma que os estudantes estarão alertas e mobilizados e que a última reunião serviu para definir os próximos passos do que consideram uma batalha contra a Aracruz. “Buscaremos mais parceiros dentro e fora da universidade”, alerta. Ele adianta ainda que a tarefa e o objetivo de todos continua sendo o dia 28 de setembro de 2007.
Além da próxima reunião do Consun, a data também marca o início do Congresso dos Estudantes da UFRGS, cujo tema central será o “Universidade, Para quê? Para quem?”, e que definirá como a universidade vai se inserir no Prouni. O estudante fala ainda em privatização da UFRGS. “A privatização da universidade pública passa pelo Reuni, e os beneficiados serão estas mega-empresas. O Reuni é um verdadeiro monstro e sua cara é o convênio Aracruz. Derrotar um para derrotar o outro”, conclama.
O convênioO convênio a ser celebrado entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) com a co-financiadora Aracruz Celulose S.A., tem como executora a Universidade Católica de Brasília, e como co-executores a Universidade Federal de Viçosa e a UFRGS, através do Centro de Biotecnologia, com o objetivo da transferência de recursos financeiros da Finep à Funarbe para a execução de um projeto intitulado "Uso da biotecnologia para a seleção e avaliação de genes de eucalipto envolvidos na qualidade da madeira e produção de biomassa". O convênio prevê ainda um Termo de Compromisso para regulamentar as condições de sigilo quanto às informações tecnológicas aportadas pelos participantes geradas pelos mesmos no projeto e estabelecer os seus direitos quanto à titularidade, a comercialização e o uso da propriedade intelectual resultando do projeto.
(Por Carlos Matsubara, Ambiente JA, 21/09/2007)