Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grane do Sul (EA/UFRGS)
Ano: 2007
Autor: Rafael Kruter Flores
Resumo:
Esta dissertação foi construída a partir de dois casos em que os serviços de água e saneamento, então concedidos a empresas transnacionais, foram reestatizados. Um caso ocorreu no Uruguai e o outro na província de Santa Fe, Argentina. A pesquisa utiliza como matriz teórica os conceitos de Estado ampliado e hegemonia em Gramsci, além de outros conceitos que suportam o argumento do trabalho. A hegemonia conquistada pela classe dirigente neoliberal - que prega a privatização das funções e a diminuição do Estado e afirma que a água é um bem econômico - foi contestada e substituída por uma contra-hegemonia - que afirma que a água é um bem público e seu fornecimento deve ser responsabilidade do Estado. Essa dinâmica ocorreu pelo protagonismo de grupos subalternos organizados em movimentos sociais, sindicatos, organizações ambientalistas e diversas outras organizações. Os casos possibilitam uma reflexão acerca do Estado e da relação deste com a sociedade, e problematizam o conceito de democracia da tradição liberal. Em uma perspectiva gramsciana, o Estado não pode ser privatizado, pois é a condensação das lutas que ocorrem na sociedade: os grupos subalternos, ao tornarem-se momentaneamente dirigentes, mostraram que o Estado, enquanto sociedades civil e política, deve ser responsável por garantir o fornecimento de água e de saneamento.