No Dia Mundial Sem Carro, São Paulo teve trânsito considerado normal pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) - e até pior que o habitual por alguns paulistanos. O pico de congestionamento ocorreu às 9h20, com 8 quilômetros. Ao meio-dia, os motoristas enfrentavam 6 km de filas, principalmente na Marginal do Tietê. O índice caiu para 2 km às 18 horas.
Segundo os técnicos, a CET não tem registro de médias de congestionamentos aos sábados. Eles alegaram que as filas não diminuíram porque a capital recebe visitantes que vêm de automóvel do interior para compras. Mas muitos moradores da cidade admitiram que ignoraram o Dia Sem Carro.
“Sabia da data, mas tinha de ir da zona norte ao centro e não confio no transporte público”, afirmou o administrador de empresas Marcelo Soares, de 37 anos, que circulava de carro pela manhã na Liberdade. “Todo mundo pensou igual a mim: hoje o trânsito está pior.”
A advogada Mônica de Castro, de 29, foi de automóvel dos Jardins até a Liberdade. “Tenho de comprar muitas coisas e não seria possível levar no metrô.”
Além da Marginal e da região central, houve filas em corredores como as Avenidas Paulista, Doutor Arnaldo e Sumaré. “A maioria não aderiu ao Dia Sem Carro”, reclamou o engenheiro Ivan Brito, de 35 anos, um dos paulistanos que deixaram o automóvel na garagem ontem. À tarde, ele esperava na Paulista um ônibus para a Pompéia, com a namorada, Kelly Vigena, de 25. “No fim de semana é melhor sair de ônibus e metrô.”
O Dia Sem Carro não ajudou a reduzir a poluição. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente decretou estado de atenção nas regiões do Ibirapuera e da Universidade de São Paulo, nas zonas sul e oeste, por causa da alta concentração de ozônio, formado pela combinação da luz solar com os gases lançados pelos veículos. A qualidade do ar também foi considerada inadequada em Santo Amaro, zona sul, Pinheiros (oeste) e Freguesia do Ó (norte).
PREFEITO
Inspirado no Dia Sem Carro, o prefeito Gilberto Kassab cumpriu a agenda usando transporte público. De ônibus, metrô ou a pé, ele circulou pelas regiões da Paulista, Vila Mariana, Higienópolis, Carandiru e Morumbi. Segundo sua assessoria, até o meio da tarde Kassab já tinha andado 6 km a pé, 13 de ônibus e 24 de metrô.
Logo cedo, Kassab seguiu de ônibus da Avenida Brigadeiro Faria Lima, perto de sua casa, até a Paulista. No ônibus, ouviu pedidos de melhoria na educação e na saúde e elogios à Lei Cidade Limpa. Um homem pediu que a Prefeitura construa um estádio para o Corinthians. Kassab riu. E à tarde foi, novamente de ônibus, assistir ao jogo do seu time, o São Paulo, contra o Figueirense, no Morumbi. O São Paulo venceu por 2 a 0. “Sou pé-quente.”
(Estadão, 23/09/2007)