Equipamentos, que evitam que gás destruidor da camada de ozônio seja liberado na atmosfera, são distribuídos em feira em São Paulo
A camada de ozônio atua como uma espécie de filtro da atmosfera, diminuindo a intensidade dos raios solares e, assim, de protegendo as pessoas de doenças como câncer de pele, catarata e queimaduras.
Diversas substâncias químicas destroem o ozônio quando reagem como ele — como gases expelidos por veículos, o CO2 produzido na queima de combustíveis e fósseis e os CFCs.
Para evitar que a camada continuasse a ser prejudicada, vários países aderiram ao Protocolo de Montreal, que prevê a redução dos lançamentos dessas substâncias na atmosfera. O documento entrou em vigor em 1989, e conta com a adesão de 191 países, incluindo o Brasil.
Empresas de manutenção de geladeira e ar-condicionado poderão receber de graça, a partir desta semana, máquinas que recolhem gases prejudiciais à camada de ozônio. No total, 1.200 equipamentos estão disponíveis para companhias que se cadastrarem no estande do PNUD montado em uma feira de refrigeração em São Paulo, nesta quinta-feira e na sexta.
A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Eliminação de CFCs, que envolve US$ 26 milhões, doados por um fundo internacional do Protocolo de Montreal. Desse valor, US$ 2,6 milhões foram usados na compra de 2 mil máquinas recolhedoras de CFCs — clorofluorcarbonos, gases utilizados em processos de refrigeração e destruidores da camada de ozônio. Desde o início da distribuição, em 2005, já foram doadas 800 máquinas — ainda restam, portanto, 1.200. Outras 335 foram dadas para empresas que trabalham com manutenção de ar-condicionado de automóveis.
Essas máquinas são usadas na manutenção de produtos antigos: geladeiras, freezers e aparelhos de ar-condicionado que ainda usam gases CFC. Elas armazenam o gás, impedindo que seja liberado na atmosfera. Depois, o gás passa por um processo de limpeza e pode ser reutilizado. O produto pode continuar a usar CFCs ou funcionar com outro tipo de gás. Desde 1999, é proibido fabricar no Brasil aparelhos que usam clorofluorcarbonos.
Para receber o equipamento, as empresas devem estar cadastradas no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ter pelo menos um técnico treinado em um curso de boas práticas de refrigeração e fazer uso do gás coletado, que pode ser regenerado.
O estande do PNUD está na 15ª FEBRAVA (Feira de Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento de Ar), no Centro de Exposições Imigrantes, no km 1,5 da Rodovia dos Imigrantes, na Água Funda. Em comemoração ao aniversário de 20 anos do Protocolo de Montreal — acordo em que 191 países se comprometeram a adotar medidas para reduzir a produção e o consumo de gases prejudiciais à camada de ozônio —, o PNUD participa do evento com uma palestra diária e divulga ações ligadas a redução de poluentes.
Desde 2005, foram recolhidas e regeneradas 6,5 toneladas de gás provenientes do sistema de refrigeração doméstico e comercial. Os processos com as máquinas distribuídas pelo PNUD envolveram 3 toneladas. O restante (3,5 toneladas) foi recolhido com equipamentos comprados pelas próprias empresas
O Plano Nacional de Eliminação de CFCs também viabilizou a instalação de três centros de regeneração de gás: dois em São Paulo, um no Rio de Janeiro. Até o fim do ano, o governo deve implantar duas outras unidades.
“As empresas recolhem e armazenam o gás e podem vendê-lo para centros de regeneração ou investir na regeneração e reutilizar o gás”, afirma o assistente do PNUD para o Plano Nacional de Eliminação de CFCs no Brasil, Anderson Moreira. “O gás reciclado tem a mesma qualidade do novo”, afirma.
(Por Sarah Fernandes,
PrimaPagina, 20/09/2007)