O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elogiou nesta quinta-feira (20) os avanços conquistados na preservação do meio ambiente, mas destacou a necessidade de um acordo global. Para o ex-presidente - que participou por videoconferência da conferência Rio+15 - depois da criação de mecanismos para assegurar a paz, a questão ambiental será o maior desafio dos próximos 20 ou 30 anos.
- A paz é fundamental, mas em seguida vem a questão do meio ambiente - disse FH, que ressaltou a importância de não tratar o problema "simplesmente de uma maneira burocrática". - O esforço pelo meio ambiente precisa ser coletivo e não pode ser algo abstrato.
O ex-presidente disse que no passado havia dúvidas sobre um possível "exagero dos ecologistas", mas que hoje o problema é "dramático":
- Já sentimos hoje a ausência do que se deixou de fazer no passado.
Fernando Henrique elogiou os mecanismos de mercado criados com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, e disse que podem ser aprofundados. Ele ressaltou, no entanto, que iniciativas individuais positivas realizadas em países como Estados Unidos ainda são feitas de forma isolada. O ex-presidente citou também projetos brasileiros como a expansão do uso do etanol e o biodiesel, mas lembrou que países considerados em desenvolvimento são grandes emissores de gases do efeito estufa.
- Houve um avanço, só que foi tudo muito depressa - disse. - Hoje, a China, a Índia, o Brasil e o México são altamente emissores de CO2. E o que foi feito depois disso para ajustar? - questionou.
O ex-presidente elogiou também Mikhail Gorbachev, último secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, para falar da recente "redescoberta da necessidade de pensar em termos de todos que vivem no planeta". Para FH, Gorbachev foi "quase um visionário".
- Ele era chefe da poderosa União Soviética e de um partido de idéias inspiradas na idéia de luta de classes, enfrentava um choque entre dois Estados e, de repente, se deu conta de que certas questões hoje não dizem respeito mais a uma classe ou um estado, atingem a Humanidade.
(Por Luisa Guedes,
O Globo Online, 20/09/2007)