Objeto caiu no Peru e pessoas começaram a passar mal; culpa não deve ser do bólido. Cientistas cogitam hipótese de contaminação do suprimento de água na região. Se o meteorito que caiu na cidade de Carancas, no Peru, no último sábado (15/09) é mesmo o responsável por uma contaminação que deixou centenas de pessoas com náuseas, vômitos e tonturas, ele é o primeiro do tipo.
"Nunca houve registro de que alguém tenha sido contaminado ou atingido por um meteorito até hoje", diz Cássio Leandro Dal Ri Barbosa, astrônomo e blogueiro do G1. "Existem relatos anedóticos de queda de um meteorito na sala de um infeliz e, puff!, detonou a impressora. Mas ninguém morreu até hoje, nem da pancada, nem de gases."
Normalmente, não se esperaria um cheiro muito forte de um meteorito tradicional -- composto por um pedregulho espacial que, por acaso, se colocou em rota de colisão com a Terra e queimou parcialmente na atmosfera. "Esses bichos são compostos ou de rocha, ou de rocha metálica", diz Barbosa. "Ao caírem, não exalam nada desse jeito. Ademais, o que exalam, é bem pouquinho e esfria rápido."
Tubo de Ensaio: afastada também a hipótese de kriptonita
O fato é que as autoridades reportam um cheiro muito forte vindo do local da cratera de 17 metros de largura. Se não é do meteorito, do que será? Uma hipótese é que a pedra, ao abrir o buraco no chão, tenha liberado alguma substância presa no subsolo.
É exatamente o que disse Luisa Macedo, vulcanóloga do Instituto Metalúrgico e de Mineração do Peru. Ela confirmou que o meteorito, classificado como um condrito, não era radioativo e não tinha substâncias ou gases tóxicos que pudessem prejudicar a saúde das pessoas. Em compensação, Macedo apontou que não foi possível estabelecer se o suprimento de água da região estava contaminado ou não. A cratera deixada pelo impacto está cheia d'água, que será drenada para o estudo posterior do meteorito.
(Por Salvador Nogueira,
G1/Reuters, 20/09/2007)