Os capixabas serão alertados de que se as monoculturas de eucalipto e de cana-de-açúcar continuarem sendo expandidas no Estado não haverá espaço para produção dos alimentos, que terão de ser importados do Sul. Também haverá mais desemprego no campo, e aumentarão as favelas nas cidades. Com o objetivo de discutir estes e outros problemas, os agricultores farão uma marcha de São Mateus a Aracruz.
A "Marcha Popular pela Terra e Pela Vida" será realizada a partir do dia 1º de outubro, e é organizada pela Via Campesina do Espírito Santo e pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde. A Via Campesina é formada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Segundo Wonibaldo Rutzen, um dos coordenadores da Via Campesina no Estado, a "Marcha Popular pela Terra e Pela Vida" permitirá um debate sobre o agronegócio com a sociedade. Haverá oportunidade para que os trabalhadores da cidade se alertem de que os efeitos dos plantios do eucalipto e da cana-de-açúcar, entre outras monoculturas, atingem a todos os capixabas.
Isso porque são os pequenos proprietários que produzem 67% dos alimentos que vão para as mesas dos brasileiros. Se as áreas agricultáveis continuarem sendo tomadas pelo agronegócio, vai faltar alimentos na mesa dos capixabas. Até mesmo as verduras terão que ser importadas do Sul do país. E os preços dos alimentos vão subir.
O agronegócio é essencialmente exportador. E gera poucos empregos, como na produção de eucalipto pela transnacional Aracruz Celulose. Nos municípios onde há grandes plantios monoculturais, como de eucalipto e cana, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são os menores do Espírito Santo. O agronegócio também produz grande degradação ambiental, provocando perda de biodiversidade. Nos plantios de eucalipto e da cana são usadas grandes quantidades de venenos agrícolas que contaminam a água e o solo, e matam as pessoas.
Os marchantes também reivindicarão a definitiva demarcação das terras das comunidades quilombolas do Sapê do Norte, tomadas pelos monocultivos de eucalipto da Aracruz Celulose, e a homologação da demarcação das terras indígenas Tupinikim e Guarani. Os índios tiveram o direito à terra assegurado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, por meio da Portaria Demarcatória.
A Marcha Popular pela Terra e pela Vida defenderá um projeto para o campo baseado na efetiva realização da reforma agrária, na agricultura camponesa, com produção de alimentos saudáveis para a população do campo e da cidade e com a preservação do meio ambiente, garantindo a soberania alimentar.
A marcha vai durar toda a primeira quinzena de outubro.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 20/09/2007)