O desmatamento registrado em Mato Grosso entre agosto de 2006 e julho de 2007 chegou a 2.512 quilômetros quadrados, uma redução de 59% em relação aos 12 meses anteriores, quando foram desmatados 6.086 quilômetros quadrados. Se por um lado a expressiva queda no desmatamento é uma boa notícia, por outro, o aumento registrado nos meses de maio a julho deste ano, em relação ao mesmo período em 2006, preocupa: 200%.
"Em valores absolutos, esse aumento não é tão significativo, é a tendência que esses dados sugerem que causa preocupação; é preciso ficar alerta", pondera Sérgio Henrique Guimarães, coordenador executivo do Instituto Centro de Vida (ICV), que realiza o monitoramento em parceria com o Imazon. "Isso também coincide com um aumento dos preços das principais commodities (gado e soja) e com as perspectivas de expansão dos biocombustíveis", analisa Guimarães.
Em julho deste ano, o desmatamento detectado pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) alcançou 76 quilômetros quadrados, sendo Juína e Colniza, no noroeste do Estado, os municípios que mais desmataram. O desmatamento ilegal em propriedades rurais não cadastrados no sistema de licenciamento ambiental (SLAPR), em assentamentos de reforma agrária e em Áreas Protegidas atingiu 65% do total desmatado em julho de 2007, tendência que vem se mantendo e aponta para a necessidade urgente de se incluir um maior número de propriedades rurais de MT no sistema. Atualmente, apenas 28% das propriedades rurais de MT estão cadastradas no SLAPR.
O sistema DETER do Instituto de Pesquisas Especiais (Inpe) também identificou uma queda no desmatamento no mesmo período. De acordo com o DETER, o desmatamento no Mato Grosso (agosto 2006-julho 2007) foi aproximadamente 2.408 quilômetros quadrados.
Previsão de desmatamentos futurosO Boletim Transparência Florestal desde mês também traz uma novidade. É o desenvolvimento de um método de previsão de futuros desmatamentos, com base na taxa de desmatamento e proporção do remanescente florestal não-protegido. "Essa metodologia é uma ferramenta a mais que pode ser empregada na gestão florestal do Estado, uma vez que pode orientar de forma mais precisa as ações de fiscalização para conter o dano ambiental", aponta Sérgio Guimarães. O método foi testado com sucesso e poderá ser usado para ações de combate ao desmatamento no próximo período (agosto 2007-julho 2008).
(Por Gisele Neuls,
Estação Vida, 17/09/2007)