Os ambientalistas acreanos argumentaram que a mortandade dos cardumes de peixes no Rio Acre, provocou danos ao meio ambiente, que são imensuráveis. As declarações catastróficas são fundamentadas na morte de milhares de espécies como: jaú, mandudé, pescado, sardinha, arraia, bagre, mandim (bico de pato), piau, piaba, sarapó e caranguejo, espalhados aos montes pelas margens e praias do rio de águas barrenta.
Mas a cena dos peixes, cobras, caranguejos e arraias, mortos ou agonizantes foram registrados no dia de anteontem, nas proximidades do bairro da Cadeia Velha (Rio Branco), e comunidades rurais do Belo Jardim, Liberdade e Catuaba, localizadas há cerca de 20 quilômetro da capital acreana. "O poder público precisa tomar medidas concretas para evitar novas tragédias ambientais", alertou o professor Claudemir Monteiro, autor do livro sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Acre.
Segundo ele, depois do prejuízo ao meio ambiente, somente resta localizar a fonte poluidora que causou a mortandade dos peixes. "Não podemos permitir que continue sendo jogados produtos agrotóxicos (Tordon e Radap), químicos (Tanino e Cal) e esgotos domésticos (sem nenhum tratamento), nos afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Acre", desabafou o ambientalista.
O professor Claudemir destacou que a sujeira (quase mil metros cúbicos de esgoto doméstico sem nenhum tratamento), contribui para poluir o principal manancial d'água do Vale do Acre. Portanto, convida a população acreana a engajarem nesta campanha de cunho educativo: Amigos do Rio Acre. Este projeto de cunho ambiental tem como objetivo envolver a sociedade nesta campanha de despoluição do Rio Acre. Caso contrário, restará as futuras gerações um grande esgoto a céu aberto, como aconteceu com o Rio Tietê na Grande São Paulo.
Balanço da Tragédia
O professor da Universidade Federal do Acre - Ufac Lisandro Juno Soares Vieira, especialista em ecologia aquática, comentou que o desastre ambiental no Rio Acre (causa natural ou ação humana) representa um prejuízo incalculável ao meio ambiente. Esta agressão que culminou com a mortandade de milhares de peixes, refletirá na renovação do estoque pesqueiro do próximo ano.
Nesta época do ano, começa a piracema (período que as matrizes acompanhadas dos machos, migram para as cabeceiras dos afluentes do Rio Acre. "Não temos dúvidas que afetará a população de pescado em nossa comunidade", ressaltou o professor universitário. Segundo Lisandro, a mortandade representa a diminuição da diversidade das espécies que habitavam os rios e riachos acreanos. Mas como os técnicos do Instituto do Meio Ambiente do Acre - Imac recolheram amostra de água e peixes mortos.
A análise laboratorial poderá apontar as causas desta mortandade. Somente com a análise química dos tecidos e vísceras das espécies capturadas para darem um diagnóstico, mais detalhado da tragédia ambiental ocorrida no Rio Acre.
(O Rio Branco, 19/09/2007)