De olho nas negociações internacionais sobre o aquecimento global marcadas para dezembro, a Indonésia começou a formar um grupo de oito países para convencer as nações ricas a pagarem aos países da região tropical a fim de que não devastem suas florestas, disse na quarta-feira o ministro das Florestas indonésio. A Indonésia quer conquistar poder de barganha reunindo em um mesmo grupo o Brasil, Camarões, o Congo, a Costa Rica, o Gabão, a Malásia e Papua Nova Guiné, que juntos respondem pelo grosso das áreas de florestas tropicais do mundo.
Representantes de 189 países devem reunir-se em Bali, no final do ano, para participar de uma cúpula a ser comandada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse encontro, será apresentado um relatório sobre a Redução das Emissões e o Desmatamento (RED) - um novo esquema que pretende tornar elegível para o comércio de cotas de emissão de carbono a redução nos níveis dos gases do efeito estufa advinda da preservação de áreas florestais.
"O que o F8 (Floresta Oito) espera e deseja é receber incentivos dos países desenvolvidos, receber reconhecimento pelos esforços para evitar o desmatamento", afirmou Malam Sembat Kaban à Reuters na quarta-feira, durante uma visita a Pequim.
"A Indonésia, por exemplo, possui o potencial de vender 14 milhões de metros cúbicos de madeira com base em princípios sustentáveis. A política da Indonésia é explorar apenas 9 milhões de metros cúbicos de madeira" retirados das florestas naturais, por meio da derrubada seletiva de árvores, afirmou Kaban. "Quem paga por isso? Estamos salvando a floresta, mas tendo prejuízo. Há demanda, então não haveria motivo para preservá-la."
Pelo Protocolo de Kyoto, que deixa de vigorar em 2012, cerca de 35 países ricos comprometeram-se a diminuir, até 2008-2012, para 5 por cento abaixo dos níveis registrados em 1990, a emissão de gases do efeito estufa. O encontro de Bali deve iniciar as negociações para a assinatura de um novo acordo até 2009. Kyoto concentrou-se na redução das emissões vindas das atividades industriais e na captura dos gases do efeito estufa, mas não incluiu esquemas de preservação de florestas já existentes.
Kaban reconheceu que não há um modo estabelecido para mensurar ou valorar a revitalização das florestas ou as medidas para preservá-las. "O mecanismo não conta com uma metodologia precisa. O que o F8 deseja é que haja um acordo sobre como os países do F8 podem aumentar o bem-estar geral com base nas florestas", disse.
A Indonésia abriga 60 por cento das ameaçadas florestas de turfa do mundo - um tipo de vegetação pantanosa que libera grandes quantidades de gás carbônico quando queimada ou quando drenada para dar lugar a áreas de cultivo. O país é um dos três maiores emissores de carbono do mundo quando se leva em conta os gases produzidos na destruição das florestas de turfa, afirmou um relatório elaborado com verbas do Banco Mundial e do órgão britânico responsável por incentivar o desenvolvimento.
(Por Lucy Hornby, Reuters/
Brasil Online, 19/09/2007)