Cerca de 500 hectares de vegetação nativa foram destruídos pelo fogo nas nascentes do Rio Riachão, um dos principais afluentes do Rio São Francisco, na divisa dos municípios de Montes Claros e Coração de Jesus, no Norte de Minas. O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar na quarta-feira o incêndio, iniciado no fim de semana e cuja causa ainda é desconhecida. Dependem do Riachão cerca de 3 mil pequenos agricultores ao longo do curso d água, que percorre cinco municípios.
O técnico Eduardo Gomes, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Montes Claros, afirmou que a destruição da vegetação é uma séria ameaça à principal nascente do manancial, que por vários anos foi objeto de uma disputa pela água entre os pequenos proprietários e irrigantes.
Além da Polícia Militar de Meio Ambiente, um representante do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) esteve na região da Lagoa da Titirica, perto do distrito de Nova Esperança, a 30 quilômetros de Montes Claros.
Também membro do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam/ Norte de Minas), Eduardo Gomes disse que a destruição da vegetação nativa representa um grande risco de assoreamento da nascente. “Com a queima de espécies nativas, o solo ficou descoberto e, quando chegar a chuva, os sedimentos serão carreados pela enxurrada para dentro do curso d’água”, alertou. Ele informou que serão tomadas medidas de proteção para área em caráter de emergência.
Eduardo Gomes pretende levar proposta à próxima reunião do Copam/Regional Norte para que toda a extensão ao redor da nascente do Riachão seja declarada Área de Proteção Ambiental (APA). Ele lembrou que um dos problemas é que a BR-135, entre Montes Claros e Januária, passa a poucos metros da nascente. Por isso, ele quer defende a adoção de medidas para orientar motoristas a prevenir incêndios durante os períodos de estiagem.
Seca
Nos últimos três dias, foram controlados pelo menos seis focos de incêndios em áreas de preservação em todo estado, de acordo com força-tarefa criada pelo Instituto Estadual de Floresta (IEF) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, dentro do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais.
Os incêndios são uma das conseqüências da estiagem prolongada, que castiga principalmente o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha.
Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), devido à seca, foi decretado estado de emergência em 72 municípios mineiros e 25 deles já tiveram os decretos homologados pelo governo estadual e estão receberam os caminhões-pipa para o socorro às comunidades sem água.
(Por Luiz Ribeiro, Estado de Minas, 20/09/2007)