Cerca de 280 crianças indígenas ficaram órfãs depois da passagem do furacão Félix no dia 4 de setembro pela parte norte da Nicarágua, segundo uma contagem feita pelas comunidades afetadas, que elevou para 146 o número de mortos.
Norman Hendry, conselheiro do governo da Região Autônoma do Atlântico Norte (Raan), coordenou a contagem de mortos e desaparecidos com as populações costeiras. "As comunidades do litoral estão cuidando de 280 crianças que ficaram órfãs por causa do furacão", contou Hendry.
As estatísticas locais são diferentes dos números oficiais do governo, que 15 dias depois da tragédia contabilizou 102 mortos e 86 desaparecidos na Raan. A maioria dos órfãos pertence à comunidade de Sandy Bay e a aldeias adjacentes da costa norte, habitadas por mais de 18 mil índios miskitos - os primeiros a receber o impacto do furacão.
Os indígenas costumam deixar os filhos pequenos aos cuidados de parentes quando saem para pescar por longas temporadas nos rochedos miskitos, um grupo de pequenas ilhas e manguezais localizados a 45 km da costa. O Félix deixou no norte da Nicarágua 188 mil desabrigados e 19 mil casas total ou parcialmente destruídas. "Se antes éramos pobres, agora estamos no chão", disse o governador da região, Reinaldo Francis.
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Folha Online, 20/09/2007)