Em meio a críticas de ecologistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer "exorcizar" a possibilidade de que a Amazônia venha a ser internacionalizada, afirma uma reportagem publicada na página do jornal El País na Internet.
"Lula adverte ao mundo desenvolvido que 'a Amazônia tem dono'", titula o correspondente do jornal no Brasil, fazendo o que o diário espanhol qualificou de um duro discurso contra os que dão "lições de conservação".
A reportagem se refere às palavras do presidente na abertura do 2º Encontro dos Povos da Floresta, pronunciadas "com voz firme, em um discurso quase improvisado", nas palavras do repórter.
Segundo o jornal, Lula disse que há 8 mil anos o Brasil tinha 9% das florestas mundiais. Hoje, tem 29,5%, porque os países desenvolvidos derrubaram as suas.
Mas o El País lembra que a defesa que o presidente faz do seu projeto de desenvolvimento amazônico trouxe junto críticas.
"Lula foi criticado durante seu primeiro mandato por ecologistas brasileiros e internacionais, pelo que consideravam falta de sensibilidade diante dos problemas ambientais, e pela ausência de apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva", diz o jornal.
"O presidente foi acusado de priorizar o desenvolvimento econômico, inclusive na Amazônia, por cima das exigências ecológicas. Por isto, em seu segundo mandato, tenta recuperar a credibilidade nesse tema, sensíveis à opinião pública."
O dilema, afirma a reportagem, é conseguir isso e ao mesmo tempo garantir a autonomia do país sobre o território amazônico.
"O Brasil sempre rejeitou o slogan de que 'a Amazônia é de todos', e chegou a temer mesmo que, sob o pretexto de não proteger seus bosques, os Estados Unidos possam chegar a pedir sua internacionalização como patrimônio da terra", diz o El País.
"Este é o demônio que Lula, com seu discurso fervoroso e taxativo, tentou exorcizar."
(BBC, 20/09/2007)