O presidente executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Fernando Almeida, disse nesta quarta-feira (19/09) na Conferência Intwernacional Rio + 15 que os países já aceitam algum nível de aquecimento atmosférico no planeta, mas reconhecem a necessidade de se estabelecer um teto. “Não pode passar de dois graus", argumentou.
Ele considerou fundamental acelerar o processo de “descarbonização” do mundo, via mudança de matriz energética, reposicionamento de energias difíceis e revisão também da questão automobilística. “Isso significa dar rapidez e escala a esse processo, ou não haverá tempo – conviveremos com catástrofes como o [furacão] Katrina, no sul dos Estados Unidos, ou o Catarina, no sul do Brasil”, indicou.
Para Almeida, a meta conjunta estabelecida pelo Protocolo de Kyoto de redução de 5,2% das emissões de gás carbônico até 2012 é "irrisória". Ele comentou que “naquele momento, tinha que ser 60% e por isso hoje nós já estamos com emissão em torno de 7,8 gigatoneladas de carbono, podendo chegar a 16 gigatoneladas de carbono de gases supostamente causadores do efeito estufa, o que geraria uma concentração de mil partes por milhão (ppms) em 2050".
Com as medidas sugeridas por ele, esse teto seria de cerca de 9 gigatoneladas de carbono, produzindo uma concentração na atmosfera abaixo de 550 partes por milhão, o que daria um aquecimento de dois graus, no máximo.
“Nós necessitamos de operadores para fazer isso, de lideranças que saibam o que estão fazendo e tenham a capacidade de operar essa mudança para um mundo muito menos poluído", disse. Na comemoração da Rio + 15, acrescentou, o que se espera são compromissos e resultados.
O executivo avaliou que a participação das empresas e sua conscientização nesse processo de mudança global não é homogênea. Ele informou que existem setores que já perceberam que a sua própria sobrevivência depende de uma postura ética e correta em relação à questão do aquecimento global e a outras questões, como a realização de contratos adequados, a não-utilização de crianças em trabalho escravo.
Os setores que mais têm problemas nessas áreas são os que apresentam mais risco de desaparecer, alertou, e listou aqueles relacionados à área de petróleo como os mais poluentes. Em contrapartida, disse, o setor de seguros está entre os mais preocupados com o aquecimento global, assim como os ligados à inovação tecnológica, à informática.
Almeida lembrou ainda que as montadoras automobilísticas já procuram criar modelos híbridos e poderão passar, em seguida, para os carros movidos a células de energia.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 19/09/2007)