O Brasil não deve ter metas de redução de emissões de gases considerados causadores do aquecimento global, como o gás carbônico (CO2), mas deve aumentar seu empenho contra o problema. Essa foi a posição defendida nesta quarta-feira (19/09) na Conferência Rio + 15 pela pesquisadora Suzana Kahn, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Junto com outros dois professores da Coppe (Emilio La Rovere e Roberto Schaeffer), Suzana Kahn coordenou o capítulo sobre Transportes do 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima da Organização das Nações Unidas (IPCC), divulgado em maio. E se prepara para iniciar em janeiro de 2008 um novo capítulo do IPCC referente a fontes renováveis de energia.
Em entrevista à Agência Brasil, Kahn afirmou que o Brasil deve ser muito mais proativo nessa área também pelo fato de estar incluído entre os grandes emissores de gases de efeito estufa. “A gente tem que estar incluído nesse esforço mundial de redução desses gases, o que não significa que a gente tenha que ter uma meta pré-estabelecida, quantificada”. Ela explicou que, quando passa a ter meta e assina um compromisso formal no âmbito de uma Convenção do Clima, o país pode ser penalizado.
“E eu não acho isso justo porque os países em desenvolvimento historicamente não contribuíram para a situação atual de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Mas sem a participação desses países a gente não vai conseguir atingir um patamar seguro”, advertiu. Na avaliação de Suzana Kahn, os países em desenvolvimento devem ter outro tipo de compromisso, como estabelecer um padrão de desenvolvimento mais sustentável, fortalecer o transporte público para reduzir a dependência do automóvel, investir em conservação e eficiência de energia, investir em participação de fontes renováveis.
“Esse conjunto de ações esses países têm que se comprometer a fazer, mas sem dizer que vai reduzir tantos por cento no ano tal”, comentou. Para os países desenvolvidos, entretanto, como os Estados Unidos, a percepção da pesquisadora da UFRJ é favorável a metas.
Khan disse que não é verdadeira a argumentação de que isso vai significar um custo para esses países e impactar o crescimento deles, enquanto os países em desenvolvimento não vão ter esse problema. “Os países em desenvolvimento já têm um custo associado à questão da mudança climática, que é o custo de se adaptar. E eles são muito mais vulneráveis, seja porque são tropicais, seja porque dependem de agricultura e, portanto, estão sujeitos a variações climáticas. E, ainda, não dispõem de recursos para se adaptar”, expôs.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 19/09/2007)