A organização ambientalista Fundação SOS Mata Atlântica considerou um momento “importante e oportuno” a criação dos dois primeiros fundos de investimento para projetos de desenvolvimento limpo no país pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O comentário é do diretor de Mobilização da entidade, Mário Mantovani, que, no entanto, avalia que o Brasil está muito atrasado na área, diante do seu potencial.
Mantovani disse na terça-feira (18/09) à Agência Brasil que “o BNDES não podia perder esse trem”. Mas disse que “o BNDES ainda não tem uma política de transparência, de participação da sociedade, tudo que seria muito bem vindo com coisas como essa”. Mário Mantovani frisou que “quem consegue perceber um momento tão importante como esse e fazer fundos tão específicos podia ter um pouco mais de sensibilidade para isso”. O ambientalista defendeu também que o banco tenha uma política de meio ambiente plenamente definida.
Em agosto, um conjunto de entidades apresentou ao presidente do banco, Luciano Coutinho, um documento com críticas e propostas nesse sentido. Ele se comprometeu a promover melhoras.
Sobre o leilão de um projeto da prefeitura de São Paulo na Bolsa Mercantil e de Futuros que irá inaugurar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (MBRE) na quarta-feira (26/09), Mantovani considerou que a operação é positiva, mas fez uma ressalva.
“Para quem praticamente foi o indutor do MDL [Mecanismo de Desenvolvimento Limpo] no Protocolo de Quioto, para quem teve a liderança que o Brasil teve nessa discussão, nós estamos muito atrasados”, comentou. O diretor da Fundação SOS Mata Atlântica afirmou que, agora, ou o país participa ativamente ou corre o risco de ser alienado do processo.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas(ONU), apresentados esta semana na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro(Firjan) pelo pesquisador Marcelo Rocha, da Universidade de São Paulo (USP), são 2.393 os projetos de MDL no mundo. A China e a Índia lideram com 737 e 727, respectivamente, seguidos do Brasil, com 235.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 19/09/2007)