A energia nuclear e a bioeletricidade, obtida da palha e do bagaço da cana, foram apresentadas como importantes alternativas para compor a matriz energética brasileira em seminário promovido nesta quarta-feira pelas comissões de Minas e Energia; e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.
Segundo o deputado Albano Franco (PSDB-SE), que sugeriu a realização do evento e conduziu os debates da tarde, foi discutida toda a matriz energética brasileira e ficou demonstrado que o Brasil precisa ampliar a participação de outras fontes, como a nuclear e a bioeletricidade, nessa matriz. Franco disse que os temas debatidos serão sintetizados e servirão de base para os parlamentares se posicionarem sobre o assunto.
Energia nuclear
O presidente da Eletrobras Termonuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, destacou que a energia nuclear é mais uma fonte com a qual o Brasil pode contar e que não há motivos para temer os rejeitos, pois as pessoas não convivem com eles.
De acordo com Silva, os rejeitos das usinas nucleares de Angra têm pequeno volume e são armazenados em piscinas com toda a segurança. Ele afirmou também que já existe um projeto de depósito de longa duração, que deverá entrar em operação nos próximos anos. Para ele, não é preciso ter medo. "Uma central do porte de Angra 2 ou 3 gera 28 metros cúbicos de rejeitos de alta radioatividade por ano. Isso é encapsulado em garrafa de aço inoxidável, guardado em compartimentos com concreto e fica longe de todos nós, sem a menor possibilidade de que alguém seja agredido pelos rejeitos", ressaltou.
O presidente da Eletronuclear admite que o combustível queimado nas usinas nucleares dura muitos anos e é agressivo, mas ressalva que o problema pode ser adiado por até mil anos.
Silva ressaltou ainda que o Brasil foi feliz ao escolher o reator de água pressurizada, utilizado nas usinas de Angra, porque o equipamento oferece baixo risco. Ele lembrou que no caso do acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, o reator tinha grafite em seu núcleo, o que causou aquecimento e provocou explosão térmica.
Bioeletricidade
O consultor de energia da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, Onório Kitayama, afirmou que o setor tem potencial para ser uma fonte de energia de segurança no caso de um eventual apagão.
Hoje, segundo ele, a bioeletricidade pode produzir energia correspondente à gerada em Angra 3. A expectativa para 2012 é atingir os níveis da hidrelétrica de Itaipu. Kitayama cobrou uma política pública que integre os três produtos do setor: açúcar, etanol e bioeletricidade.
(Por Idhelene Macedo, Agência Câmara, 19/09/2007)