O Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (MBRE) começa a operar na quarta-feira (26/09), com a realização de leilão internacional a partir de um projeto em aterro sanitário da prefeitura de São Paulo. Para o coordenador do projeto nacional sobre a constituição do MBRE, Virgilio Gibbon, o que faltava a esse mercado eram recursos orientados de maneira específica para projetos que contemplem a redução de emissões de gases poluentes.
Ele elogiou a criação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social dos dois primeiros fundos de investimento no país para apoio a projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
“É uma demonstração clara das oportunidades que tem para o Brasil nesse setor”, avaliou Gibbon, da Fundação Getulio Vargas, em entrevista à Agência Brasil. Depois da China e a Índia, “que têm uma matriz energética muito suja”, o Brasil é o país com maior potencial de fornecimento de projetos de MDL, disse ele.
Virgilio Gibbon avaliou que esse leilão de crédito de carbono será o primeiro de uma série que acontecerá no Brasil no período de 2007-2008, lançado recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o “Ano do MDL”.
Segundo o coordenador do MBRE, até o momento os negócios de carbono eram firmados em negociações bilaterais. “Quem tinha o crédito aqui arrumava um comprador e negociava com esse comprador, e isso favorece o comprador”, comentou. “Quando faz um leilão, você oferta e todos os compradores disputam entre si quem vai comprar, o preço sobe. É com esse objetivo que o mercado foi criado para, inclusive, eliminar essa distorção.”
A celebração de um convênio com o Banco Mundial (Bird) foi ressaltada por Virgilio Gibbon com um fato positivo para o mercado brasileiro do setor, porque o organismo internacional passará a operar por intermédio da BM&F a aquisição e venda desses créditos. Ele lembrou que também o banco fazia até agora somente negociações bilaterais. “O Banco Mundial ficou muito interessado em saber que tem um mecanismo transparente de formação de preços o que, inclusive para o banco, dá muito mais tranqüilidade”.
Gibbon explicou que o “Ano do MDL” tem entre suas iniciativas um programa de capacity building, que consiste no desenvolvimento da capacidade das empresas, “no sentido de aproveitar as oportunidades, como também do mercado financeiro de intermediar os investimentos, estruturar os projetos”. E concluiu: “Eu acredito que depois de setembro, isso aí vai explodir [isto é, deslanchar]”.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 19/09/2007)