A Comissão Mista Permanente do Mercosul e Assuntos Internacionais, presidida pelo deputado Rossano Gonçalves (PDT), realizou, na manhã desta quarta-feira (19/09), no Plenarinho da Assembléia, audiência pública sobre Florestamento e Industrialização da Madeira no Âmbito do Mercosul, Investimentos e Perspectivas. Para o presidente da Comissão, a reunião serviu para ampliar o conhecimento sobre o tema. "Continuaremos defendendo o setor, mas ampliaremos a discussão no sentido de que sejam feitos outros investimentos para agregar valor a essa matéria prima, indo para a linha dos móveis e laminados", sugeriu Rossano.
Participaram da audiência, além de políticos e representantes do setor, o embaixador Cláudio Lyra, chefe do Escritório de Representação do Itamaraty no Rio Grande do Sul, e o cônsul-geral do Uruguai, Pablo Scheiner.
Para o deputado Giovani Cherini (PDT), requerente da reunião, este é o momento de se ir além da questão ideológica e abrir a discussão para outros focos. "O meu foco é o desenvolvimento do Estado", afirmou. Segundo o parlamentar, o setor florestal gaúcho representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e o Rio Grande do Sul é o segundo pólo moveleiro do Brasil. "A silvicultura é uma atividade econômica, a exemplo da agricultura e da pecuária e não pode ser confundida com conservação e preservação ambiental, embora exerça muito bem esta função".
O representante da Famurs, Conceição Kruser, sugeriu a formação de um grupo de trabalho para conhecer a experiência de Encruzilhada do Sul, que soma meio século de vivência com a cultura da madeira. "Nossa proposta não é plantar árvores indiscriminadamente, mas que o plantio seja uma possiblidade de diversificação de cultura, uma alternativa de renda".
Normélio Eckert, do Comitê da Indústria de Base Florestal e Moveleira da Fiergs, citou exemplos de lugares no País e no mundo que investiram na silvicultura: "No Espírito Santo, houve um acréscimo de 94 mil empregos diretos e indiretos com a chegada da Aracruz". Ele ressaltou a importância de o Estado combater o capim anoni, "que, comprovadamente, devora o Bioma Pampa". E afirmou que uma solução poderia ser o plantio de árvores, já que "o capim anoni não se cria em áreas sombreadas".
O representante da Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Darci Ferreira, valorizou a mudança do enfoque da discussão para o critério técnico verificada na reunião. "Temos que ver como mantermos a geração prevista de postos de trabalho e como trabalharmos a exportação de móveis", sugeriu.
Os órgãos financeiros Caixa RS, Banrisul e BRDE manifestaram, por meio de representantes, que estão sobrando recursos para o financiamento da silvicultura. Floriano Izolan, da Caixa RS, esclareceu, no entanto, que os créditos são concedidos seguindo a legislação em vigor: "Não há contrato de financiamento sem licenciamento ambiental".
Parlamentares
O deputado Raul Carrion (PCdoB) afirmou que qualquer defesa da sustentabilidade deste modelo deve ser feita com cuidado. "Somos quem terá de entregar às novas gerações um planeta que se desenvolva corretamente", salientou o parlamentar. O deputado Ivar Pavan (PT) defendeu a combinação entre a atividade econômica e a proteção ambiental: "Isso é desenvolvimento". E completou: "O desenvolvimento sustentável é a grande preocupação dos pensadores do planeta inteiro".
Toda atividade tem impacto no meio ambiente. Com essa convicção o deputado Berfran Rosado (PPS) questionou a ideologização do processo. "Temos outras atividades que merecem uma cobrança tão forte quanto a que a silvicultura recebe. Queremos a preservação ambiental com regras valendo para todos." O deputado Nelson Härter (PMDB) lembrou a criação, na Assembléia, da Comissão Especial para Acompanhar a Execução dos Projetos de Reflorestamento e Florestamento Comercial no Estado, da qual é relator. "Faremos visitas técnicas de campo", adiantou.
(Por Vanessa Lopez, Agência de Notícias AL-RS, 19/09/2007)