O secretário executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global no Clima, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, José Miguez, avaliou como positivos os avanços realizados no mundo para enfrentar a ameaça do aquecimento global desde a realização desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92 (ou Eco-92).
“Eu acredito que nós avançamos muito em 15 anos”, comentou. “O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo [MDL] tem hoje no mundo 2.400 projetos sendo desenvolvidos, com uma redução esperada de 3,8 bilhões de toneladas de gás carbônico. Basicamente, na China, Índia e Brasil, que somam 80% dessa redução. As regras do Protocolo de Quioto permitem que se faça o atendimento das metas ao menor custo, então a Europa estabeleceu o comércio de emissões [de carbono] europeu, que está fazendo uma revolução em termos das empresas se preocuparem com suas emissões. Estamos no caminho certo e avançando muito rapidamente nas reduções."
De acordo com Miguez , os países em desenvolvimento têm parcela muito pequena no aquecimento global, pois começaram seu processo de industrialização somente na década de 50. Segundo ele, no caso brasileiro, a participação do país na emissão mundial de gases não ultrapassa 2%.
Para o secretário, não é necessário frear o crescimento dos países em desenvolvimento para combater o aquecimento global. “Ao contrário, há necessidade de apoio para que eles sejam incentivados a fazer mais. E o MDL é um exemplo de incentivos positivos”, avaliou.
Miguez citou o caso brasileiro da geração de energia elétrica a partir de bagaço de cana, cuja idéia existia desde a década de 70, mas nunca tinha sido viabilizada. “Com a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em um ano você implementou mais de 1,2 megawatt de geração a bagaço” disse ele.
O Protocolo de Kyoto é acordo internacional assinado por 175 países, que estabelece metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos países industrializados e garantir um modelo sustentável de desenvolvimento aos países que ainda estão em fase de industrialização.
O MDL é um mecanismo de compensação incluído no protocolo, a partir de uma proposta brasileira. Ele permite que empresas de países desenvolvidos financiem projetos para geração de energia limpa (sem liberação de carbono) em países em desenvolvimento e assim compensem suas emissões para atingir as metas assumidas no protocolo.
(Por Adriana Brendler, Agência Brasil, 19/09/2007)