O presidente da empresa que organizou a reunião da Iniciativa Rio+15, Pedro Moura Costa, defendeu que a Amazônia seja "protegida" por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que utiliza créditos de carbono, comercializados pela própria EcoSecurities. A proposta, porém, é rejeitada pelo governo brasileiro, cujo representante na reunião, o secretário-executivo da comissão interministerial de Mudanças Climáticas, José Domingos Miguez, a criticou duramente. O encontro busca analisar as mudanças climáticas nos 15 anos que se passaram desde a conferência ECO-92.
"Se o desmatamento evitado tivesse sido incluído no MDL, e espero que seja, teria capacidade de mobilizar capital privado (de países industrializados) para proteger um bem público que é a Amazônia. Não queremos vender a Amazônia, transferir a posse para outros países, isso é balela", declarou Moura Costa. Segundo ele, não é necessário "abdicar do controle (da floresta), mas simplesmente utilizar capitais privados internacionais para ajudar no controle de um bem ambiental tão importante para o Brasil e para o mundo".
Miguez, único representante de governo brasileiro no encontro, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, manifestou a oposição oficial à proposta. "Não estamos preocupados com a questão de soberania, eu não discuto isso. A gente está preocupado com os objetivos da Convenção (de Clima): estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera", comentou.
"Esse tipo de projeto, no âmbito do MDL, é o contrário, aumenta a concentração na atmosfera. Porque você mantém o estoque aqui no Brasil e autoriza a emissão (fora), então aumenta a concentração. Por isso a gente é contra. Temos que manter os estoques, mas achamos que (o MDL, neste caso) não é um mecanismo que ajude a combater a mudança do clima", disse.
(Estadão, 19/09/2007)