A Justiça de Manga (MG) decidiu que os garotos de 15 e 16 anos apontados como autores do assassinato do índio xacriabá, em Miravânia, no norte do Estado, deverão ser internados provisoriamente por 45 dias.
Os dois ficarão na Cadeia Pública de Manga, em uma cela separada, já que não há centro de internação na região.
Edson Gonçalves da Costa, 18, continua preso no mesmo local. Ele foi indiciado sob suspeita de homicídio qualificado (motivo fútil).
Avelino Nunes Macedo foi espancado até a morte quando voltava para sua aldeia na madrugada de domingo após participar de uma festa em um ginásio no distrito de Virgínio.
Os três jovens, que também participaram da festividade, são suspeitos do crime. Eles admitiram, à polícia, que planejavam deixar o índio nu, por "brincadeira".
O delegado Airton Alves de Almeida afirma que houve "preconceito étnico".
Ele diz que as estatísticas mostram que há um aumento da criminalidade envolvendo menores de idade. "Eles confessam tudo sabendo que vão ficar impunes."
Segundo o delegado, a redução da maioridade penal dos 18 para os 16 anos pode diminuir essa sensação de impunidade. Ele diz, no entanto, que essa não é a única solução para o problema. "Há outros fatores como a má distribuição de renda e os déficits educacionais."
A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirmou ontem, em nota, que "casos como esse causam indignação, pois são demonstrações do processo de discriminação acentuada sofrida pelos índios".
A entidade disse ainda que acompanhará o inquérito e que prestará assistência à família de Macedo.
Os três jovens, que, segundo o delegado, são de classe média e de famílias conceituadas da região, ainda não têm advogado. Ainda não houve visitas de parentes.
(Por Thiago Reis, Agência Folha, 19/09/2007)