Um editorial do jornal The New York Times critica nesta quarta-feira a produção americana de etanol a partir do milho, e afirma que o biocombustível brasileiro, feito da cana-de-açúcar, faz "mais sentido" economicamente.
O texto, intitulado "Os altos custos do etanol", argumenta que o etanol produzido nos Estados Unidos "é caro", e que traz "diversos riscos", como o aumento do preço dos alimentos.
"Os preços do milho já aumentaram 50% em relação ao ano passado, e estima-se que os preços da soja subam até 30% no próximo ano, à medida que os produtores substituírem suas colheitas de soja por milho", sustenta o NYT.
"O custo cada vez maior de alimentar os animais eleva os preços de produtos lácteos e carne de frango."
O jornal critica a sobretaxa de 54 centavos de dólar aplicado pelo governo dos EUA a cada galão importado de etanol brasileiro.
Na outra via, nota o editorial, produtores americanos recebem um subsídio de 51 centavos de dólar por galão de etanol, sem contar os "subsídios generosos" de que os fazendeiros do milho já gozam.
"A economia do etanol do milho nunca fez muito sentido", avalia o NYT.
O jornal diz que existe uma "grande esperança" na produção do chamado etanol de 2ª geração, produzido a partir dos restos da colheita – da celulose das plantas, por exemplo. Acordos para desenvolver este tipo de tecnologia foram assinados pelo Brasil na semana passada com países nórdicos.
"O que é errado é deixar que a política – do tipo que leva a subsídios desnecessários, invasão das paisagens naturais que deveriam ser deixadas intactas e elevação nos preços dos alimentos, que prejudicam os mais pobres – e não a ciência e a economia sólidas conduzir a política energética dos EUA."
(BBC, 19/09/2007)