Porto Alegre (RS) - Depois de ter um convênio barrado com o Departamento de Agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Aracruz Celulose faz agora uma nova tentativa de parceria dentro da instituição. Desta vez, a empresa tenta um convênio com o Departamento de Biotecnologia para desenvolver suas pesquisas com eucaliptos.
O convênio da empresa com o Departamento de Agronomia que tramitava no Conselho Universitário da Ufrgs foi retirado da pauta no dia 8 de março. Na ocasião, houve uma audiência entre representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da universidade e de movimentos sociais com o reitor da instituição, José Carlos Hennemann, que se comprometeu a não aprovar o projeto. No mesmo dia, DCE e movimentos organizaram uma manifestação no centro de Porto Alegre, denunciando o avanço do deserto verde pelo Estado.
O novo projeto da empresa com o Departamento de Biotecnologia ainda não está na pauta do Conselho Universitário, o Consun. No entanto, a proposta deve entrar em análise depois da votação do projeto Reúne, que trata do sucateamento das universidades. O secretário-geral do DCE, Cristiano Bernardino Moreira, conta que os estudantes vão encaminhar um requerimento à reitoria pedindo que todos os processos de convênios com a Aracruz passem pelo Conselho de Ética da Comissão de Extensão da Universidade antes de entrarem na pauta do Consun. O objetivo, segundo o estudante, é evitar parcerias prejudiciais não só para a Ufrgs, mas para toda a sociedade.
“A gente sabe não só dos diversos males que a monocultura de eucalipto causa ao meio ambiente. Tem problemas sociais graves, preconceito a tribos indígenas no município de Aracruz, que ensejaram, inclusive, ações do Ministério Público contra essa empresa”, ressalta.
Moreira, que também é membro do Conselho Universitário, vê com preocupação as várias tentativas de convênio que as multinacionais tentam manter com a Ufrgs.
“Todas as sessões do Conselho Universitário sempre têm projetos e processos que tratam de convênios com grandes empresas, multinacionais, que passam a financiar pesquisas dentro da Ufrgs, que atendem, na verdade aos seus interesses particulares, que é a geração de lucro, e não para atender as necessidades do povo, que é o que a gente defende como projeto de uma universidade pública e popular, a serviço das necessidades do povo”, diz.
O Diretório também vai exigir que a reitoria debata com os estudantes todos os convênios que a Ufrgs possui com multinacionais.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 18/09/2007)