Análise de imagens de satélite feita pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Ministério do Meio Ambiente aponta que aumentou o índice de desmatamento em Mato Grosso entre os meses de junho e agosto: foram atingidos 1.014 quilômetros quadrados de floresta, 40% mais que em 2006.
Esse aumento já havia sido apontado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e pelo Instituto de Centro da Vida (ICV), organizações ambientalistas que utilizam imagens de um satélite diferente e fizeram a análise entre os meses de maio e julho. Segundo eles, o desmatamento foi duas vezes maior do que o ano passado.
De acordo com coordenador executivo do IVC, Sérgio Henrique Guimarães, o crescimento da área desmatada pode estar relacionado ao aumento de preços da soja e, especialmente, da carne no mercado internacional. "Os estudos mostram que a variação do preço na pecuária tem uma relação direta com o desmatamento no ano seguinte. A tendência de aumento nas comodities começa a movimentar toda a economia", afirmou.
André Lima, diretor de articulação de ações para a Amazônia do Ministério Meio Ambiente, explicou que a atividade pecuária pode causar desmatamento porque depois de três anos de uso "o pasto fica improdutivo e a tendência é buscar uma nova área, onde haja biodiversidade, floresta e compostos orgânicos".
Imagens analisadas pelo IVC e Imazon mostram que de cada dez quilômetros desmatados, mais de oito estão em fazendas particulares. E que nos projetos de assentamento rural ocorreram cerca de 15% das extrações irregulares de madeira e retiradas da mata. O desmatamento, apontam as imagens, registrou-se especialmente em áreas próximas às cidades de Juína, Colniza e Canabrava do Norte.
As áreas de maior risco de desmatamento futuro, segundo o Imazon e o IVC, estão no noroeste e norte de Mato Grosso, nas cabeceiras do Rio Xingu, na margem leste da rodovia BR-163 e na margem este da BR-158.
Apesar do aumento dos últimos meses, dados do 3º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, divulgado no final de agosto, apontam que o desmatamento caiu em 2006, depois de sete anos, para 13 mil quilômetros quadrados. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, entre agosto de 2006 e julho de 2007 o desmatamento no estado de Mato Grosso atingiu 2.512 quilômetros quadrados – menos da metade dos 6.086 quilômetros quadrados verificados no período imediatamente anterior.
(Por Gilberto Costa, Rádio Nacional da Amazônia/Agência Brasil, 18/09/2007)