MINISTÉRIO PÚBLICO VAI APURAR CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR BASF E NOVARTIS
2001-11-28
O 7° Centro Regional do Ministério Público, em Volta Redonda, instaurou inquérito civil para apurar a contaminação do solo nas fábricas da Norvatis (Ovomaltine) e Basf, em Resende. O promotor de Defesa do Meio Ambiente e Direitos Difusos da Cidadania, Egberto Zimmermann, também decidiu pedir, na próxima semana, uma vistoria nas áreas afetadas. Segundo a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), a recuperação dos terrenos contaminados pelo vazamento de produtos farmacêuticos e veterinários da Cyanamid só deve acontecer em sete anos. O plano de recuperação dos terrenos situados no quilômetro 300 da Rodovia Presidente Dutra deve ter início em 15 dias. O laudo técnico sobre a contaminação será aprovado pela Feema com restrições. Entre elas, a remoção de 15 metros cúbicos do solo atingido na área da Basf. -O estudo foi apresentado pela consultoria ambiental da Fort Dogde, antiga Cyanamid, comprada pela Basf. Foram feitos levantamentos do solo e água em laboratórios nos Estados Unidos. É um trabalho sério e tecnicamente de boa qualidade, informou o agente regional da Feema, Manuel Neto. Apesar de confirmar que a fonte de contaminação no solo da Basf foi paralisada desde 97, Neto diz que as substâncias químicas continuam a migrar para o terreno da fábrica vizinha, Norvatis. - O líquido que contaminou o solo pode avançar um metro em um mês, garantiu. Os moradores de bairros como Parque Embaixador, Barra I e II, vizinhos às fábricas, temem que a contaminação atinja a água que consomem. Mas segundo Neto, não há riscos do líquido avançar pelo lençol freático dos bairros vizinhos. Os bairros residenciais estão a montante. Ou seja, acima da contaminação. A pluma, que é o líquido contaminado, está migrando na direção contrária a das casas, sendo restrita a pequenas áreas das fábricas, esclareceu. O agente acredita que o tratamento hidráulico, que filtra os vapores do solo e recupera a água, deve conter o processo de contaminação nos terrenos. Neto também disse que a Feema acompanha os estudos no solo contaminado, por ambas fábricas, há dois anos. Esse é um problema de décadas e ninguém foi pego de surpresa. Todos os envolvidos na questão estavam cientes da contaminação que se originou de um sistema industrial antigo, explicou. Depois de tomar conhecimento da contaminação dos terrenos pelo Jornal do Brasil, o promotor do 7° Centro Regional disse que o Ministério Público vai verificar os danos causados ao meio ambiente. -Depois de verificar a ocorrência dos danos, será possível saber quais medidas usaremos para revertê-los caso a fonte da contaminação continue, adiantou. (AJB)