A decisão do Governo Federal em demarcara e exigir a saída de não-índios da reserva indígena Raposa Serra do Sol, continua repercutindo em Roraima. Para quem concorda com a demarcação, a decisão do Governo Federal é vista como a garantia e o respeito à população indígena. Os que discordam, acreditam que a demarcação representa o fim para o desenvolvimento do Estado.
Na opinião do coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José, está mais do que na hora de acabar com o discurso alarmista de que a demarcação da Reserva representa um entrave para o desenvolvimento econômico do Estado.
“A decisão do Governo foi tomada há três anos. Desde então, aguardamos a saída pacificamente, dos arrozeiros. Acredito que o momento é de buscar outras soluções para o desenvolvimento do Estado”, disse.
O líder indígena acrescenta: “Na minha opinião, o Governo Federal não vai voltar atrás como querem os arrozeiros. Eu penso que a hora é de cada um buscar seu meio de sobreviver dignamente. Nós índios estamos trabalhando para isso. Os arrozeiros deveriam fazer o mesmo”, disse.
Segundo Dionito, hoje vivem cerca de 18 mil indígenas na Raposa Serra do Sol. Quanto aos projetos de desenvolvimento para as populações indígenas, o líder informou que o CIR e demais parceiros estão trabalhando na elaboração de projetos para captação de recursos.
“Não quero que os povos indígenas de Roraima fiquem como os índios do Mato Grosso do Sul. Lá o Governo demarcou e arrendou terras. Os índios de lá vivem de cesta básica doadas pelo Governo. Não é isso que a gente quer. Os povos de Roraima não querem ser dependentes do Governo Federal”, afirmou.
Para garantir a viabilidade dos projetos que estão sendo elaborados, o CIR e demais entidades ligadas às causas indígenas irão organizar comissões que trabalharão cada aspecto separadamente.
Dionito destacou que esta semana, o CIR conseguiu garantir uma verba de aproximadamente R$ 10 milhões que serão investidos em serviços de saúde para as comunidades.
“Já temos nossas terras. Não queremos gerar conflito, mas a decisão do Governo é clara: os arrozeiros precisam sair. Os povos indígenas vão trabalhar para ter uma vida digna e pra manter um bom relacionamento entre índios e não-índios, mas preservando sempre os nossos direitos”, afirmou.
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Folha de Boa Vista, 15/09/2007)