Além do Rio Acre, que vem sofrendo a cada ano com o assoreamento e dando sinais de que não resistia por muito tempo, os demais ambientes aquáticos do entorno de Rio Branco, como são tecnicamente chamados açudes, lagos e igarapés, também estão ameaçados.
Os mais ameaçados são soa açudes, principalmente aqueles localizados nas áreas urbanas, que são os mais atingidos com o excesso de matéria orgânica e passam a ter a lâmina d'agua coberta por uma espécie de pasta verde capaz de matar microorganismos, peixes e por fim acabar com o próprio manancial.
Um dos exemplos deste tipo de degradação é o açude localizado na área do campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), na Estrada Dias Martins, nas imediações da sede do Cefap (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), um órgão da Polícia Militar. Não faz muito tempo, o açude era piscoso e belo, mas está a caminho de ser totalmente coberto pela chamada pasta verde.
"Este é só um exemplo. Em torno da cidade há vários açudes nestas condições e o mais grave é que as pessoas não estão atentando para isso", denuncia o geólogo Claudemir Carvalho de Mesquita, assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia).
Segundo ele, se providências não forem tomadas, em breve a cidade de Rio Branco terá perdido todo o seu ambiente aquático.
O problema já avia sido detectado pelo senador Tião Viana (PT-AC) ao passar pelo local a caminho de sua residência, no Jardim Ipê. "É triste a gente ver que algo belo pode vir a morrer se não fizermos algo", disse o senador. "Alguém precisa fazer alguma coisa para salvar aquele e outros açudes", acrescentou o senador numa conversa com o coronel Romário Célio, comandante da Polícia Militar.
O senador sugeriu que a PM ou o Corpo de Bombeiros poderiam salvar os açudes com o uso de canoas e alguns homens capazes de recolher a pasta verde. A sugestão do senador, segundo Romário Célio, foi aceita. "Nós vamos até mais longe: em parceria com a Prefeitura, vamos trabalhar para a revitalização daquele açude", disse o coronel Romário Célio. "Quem sabe não estejamos iniciando assim um programa para revitalizar os nossos sítios aquáticos", disse.
O geógrafo Claudemir Carvalho de Mesquita diz que esse tipo de iniciativa nem demanda em grandes gastos públicos. "Tenho certeza de que, se convocada, a comunidade contribui com técnicos e esforços para que tenhamos de volta os nossos açudes", disse ele. O secretário municipal Gildo César Pinto anunciou que vai discutir a idéia com técnicos da Prefeitura e que está disposto a ajudar.
A pasta verde, segundo Claudemir Mesquita, é aparentemente inofensiva. É o resultado de material orgânico carreado para os açudes pelas chuvas e que, não tendo por onde escoar, gera o vegetal que vai se transformar e cobrir a água como um lençol.
"A princípio, esta pasta protege água da evaporação, mas, com o tempo, reduz a oxigenação da água e vai matando micro-organismos e isso impede a reprodução dos peixes. É o fim do açude", disse. "Recuperar os açudes é uma tarefa simples mas muito importante para o futuro da nossa cidade", acrescentou.
(Por Tião Maia,
A Tribuna, 14/09/2007)