Apresentar um leque diversificado, tanto em termos metodológicos como temáticos, de aplicações de geoinformação em urbanismo, de modo a servir como um tutorial para a comunidade acadêmica e também auxiliar tomadores de decisão na gestão e no planejamento urbano e territorial.
Esta é a proposta do livro Geoinformação em Urbanismo: cidade real X cidade virtual, que acaba de ser lançado por três pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).
A obra traz contribuições sobre o assunto agrupadas em cinco vertentes: representação territorial; gestão de problemas e políticas sociais; construção da base de dados georreferenciados; gerenciamento de desastres naturais; e modelos e modelagens urbanas e regionais.
“O livro representa um panorama do que foi feito nessa área do conhecimento na última década no Brasil”, disse uma das organizadoras da obra, Cláudia Maria de Almeida, pesquisadora da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, à Agência Fapesp.
“Trata-se também da primeira publicação em português sobre o assunto. Há outras obras em português sobre geoinformação, mas não especificamente sobre aplicações urbanas que incluem os temas de dimensões humanas, impactos de mudanças ambientais globais e modelagem dinâmica espacial de mudanças de cobertura e uso do solo”, explicou.
Os outros dois organizadores do livro são Gilberto Câmara, diretor do Inpe que trabalha como pesquisador há 27 anos na entidade e leciona nos cursos de pós-graduação em sensoriamento remoto e computação aplicada, e Antonio Miguel Vieira Monteiro, tecnologista sênior no Inpe e coordenador da Rede Saudável, que avalia o uso das tecnologias da informação espacial no apoio ao controle de endemias.
Segundo Cláudia, que também é professora no curso de pós-graduação em sensoriamento remoto do Inpe, para muitos estudiosos e profissionais de urbanismo, geoinformação ainda é um termo desconhecido. “Algumas pessoas conhecem geoprocessamento, porém geoinformação envolve um conceito mais amplo”, explicou.
A geoinformação, ou engenharia da informação espacial, dedica-se a explorar a complexidade dos problemas socioambientais em um ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que consiste em plataformas destinadas a armazenar, recuperar, manipular e visualizar informações de caráter espacial.
Segundo Cláudia, a geoinformação vem ao encontro da crescente necessidade de entendimento mais profundo dos problemas e peculiaridades das grandes cidades, levando em conta a hábil manipulação e interpretação dos dados a partir de processamentos quantitativos sobre uma base espacial.
“Não se trata apenas do levantamento de dados brutos ou da confecção de mapas digitais coloridos ilustrando a ocorrência de crimes em um sistema georreferenciado, por exemplo. O objetivo é estudar esses fenômenos de forma dinâmica, entendendo a sua proliferação contínua no espaço e no tempo em articulação com outras variáveis como de que forma as estradas podem atuar como vetores de expansão da criminalidade”, disse.
Para a pesquisadora, seguindo essa linha de pensamento, mapas estáticos de uso do solo urbano não atendem mais às necessidades atuais dos gestores locais, mas é necessário que se permitam simulações de diferentes cenários futuros de expansão urbana e dinâmica de uso do solo em ambiente computacional.
“Em um futuro próximo, devido à elevada velocidade de mudanças conjunturais e de circulação das informações, os métodos analógicos convencionais de planejamento se tornarão inadequados para gerar respostas às demandas, fazendo com que o uso da geoinformação se torne imprescindível para os órgãos de gestão”, afirmou Cláudia.
Mais informações sobre o livro: www.ofitexto.com.br
(Por Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 18/09/2007)