As fábricas poluentes vão continuar a operar em Pequim durante os Jogos Olímpicos do próximo ano, num momento em que aperta a fiscalização ambiental sobre as indústrias estrangeiras em actividade na China, noticia hoje a imprensa internacional. O presidente do Comité Organizador dos Jogos de Pequim, Liu Qi, referiu em entrevista ao jornal económico Financial Times que as fábricas deverão ter em atenção as emissões poluentes, mas não terão que fechar durante as Olimpíadas de Agosto do próximo ano.
«O principal é reforçar a gestão de gases das fábricas e reduzir as emissões de poluentes», disse Liu, que é também o responsável político máximo da capital chinesa e membro do influente Politburo do Partido Comunista Chinês, o mais poderoso órgão político da China. «Não pedimos nenhuma suspensão de operações», acrescentou Liu ao Financial Times.
Pequim é uma das cidades mais poluídas do mundo, com a degradação ambiental a ser já motivo de preocupação junto de atletas e do presidente do Comité Olímpico Internacional, que admitiu a hipótese de adiar competições mais longas se a qualidade do ar não for a melhor. «Estamos perfeitamente confiantes que os atletas olímpicos estarão prontos a entrar normalmente em competição no próximo mês de Agosto», afirmou Liu.
Entretanto, após um estudo que concluiu que as duas únicas empresas estrangeiras analisadas violam as regras ambientais do país, as autoridades chinesas avisaram que as empresas estrangeiras estarão sujeitas às mesmas punições que as chinesas.
«Vamos estar agora mais atentos à poluição ambiental causada pelas empresas com capital estrangeiro, e vamos reforçar a supervisão», disse Ren Longjiang, da Administração Estatal de Protecção Ambiental (SEPA, na sigla em inglês), a autoridade máxima ambiental do país.
Segundo o jornal China Daily, a inspecção realizada este ano revelou que a Unilever China e a Hitachi Construction Machinery realizavam ambas descargas contendo um nível elevado de substâncias químicas, acima do permitido por lei. As autoridades multaram a fábrica da Unilever em Hefei, na província do leste de Anhui, em 100 mil renminbi (95.800 euros) e ordenaram uma baixa na produção para reduzir as descargas.
A China estabeleceu em 2005 o objectivo de reduzir os dois maiores indicadores de poluição em 10 por cento até 2010, o que exige uma descida média de dois por cento ao ano. Após falhar o objectivo em 2006, a China voltou a não cumprir, no primeiro semestre deste ano, as metas estabelecidas para o combate à poluição, com as melhorias registadas a ficarem longe dos números ambicionados por Pequim.
(Diário Digital / Lusa, 18/09/2007)