Moradores da Vila Berg, em São Leopoldo, reclamam que empresas da região vêm utilizando áreas pouco habitadas da Estrada do Socorro para depositar resíduos industriais. Os materiais largados na localidade vão desde entulhos de construção até gordura e couro.
Próximo ao Clube Cano Reto de Aeromodelismo, na beira da estrada, o motorista de um caminhão tentou descarregar quatro tambores cheios de gordura. O secretário do clube, Cléu Corrêa, tentou impedir que o material fosse deixado no local mas, mesmo assim, dois tonéis já haviam sido retirados do caminhão, que foi embora logo depois. “Depois disso, alguém despejou a gordura e levou embora os tambores. Ficou esse troço nojento”, reclamava Corrêa, enquanto impedia sua cadela de comer os resíduos. “Se vem um temporal, leva tudo para o nosso açude.”
Além da gordura, Corrêa denuncia que é normal ver caminhões levarem até a Estrada do Socorro outros materiais. “Outro dia, veio uma Kombi aqui largar sola de sapato. Também mandei embora”, afirma o secretário, que lembra ainda que pedaços de azulejos e canos velhos também são largados na localidade.
Pescadores que se unem nos finais de semana para pescar junto a uma lagoa que faz parte do banhado do Rio dos Sinos, reclamam ainda que uma empresa de artefatos de cimento vem depositando entulhos no local. Segundo o vendedor Vilmar Berghan, que costuma pescar na lagoa, recentemente foram colocadas quatro cargas de isopor nas margens do local e, com a chuva, o material se espalhou. Além disso há pneus e pedras no banhado. De acordo com Berghan, a situação persiste há meses.
Segundo o coordenador de Fiscalização Ambiental da Semmam, Joel Garcia Dias, a substância encontrada por Cléu Corrêa próximo ao Clube Cano Reto de Aeromodelismo é estearina. Trata-se de um plastificante produzido a partir do sebo do boi. “Ele tem baixíssima toxicidade e é biodegradável”, explica Dias. Ainda assim, a Semmam deverá realizar a limpeza da estrada para retirar o produto e investigar a origem da substância. “Dá a impressão de que foi limpo algum depósito, e largaram o produto lá”, acredita o coordenador.
Quanto à responsabilidade dos depósitos de entulhos efetuados no banhado, Dias afirma que a empresa de artefatos de cimento responsável pelo terreno será notificada. Esta é a segunda notificação expedida pela Semmam pelo mesmo motivo. A empresa não tem licenciamento para depositar o material no terreno. Além disso, será determinada a remoção dos resíduos, que deverão ser levados a um aterro industrial.
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Jornal VS, 18/09/2007)