Provavelmente seria o pesadelo do mundialmente amado ursinho Knut, se fosse mandado de volta a seu habitat natural: a genitália dos ursos polares machos parece estar encolhendo, afirmam pesquisadores. A culpa pode ser atribuída a poluentes industriais.
O estudo que detectou o problema foi realizado pelo veterinário e toxicólogo Christian Sonne, do Instituto Nacional de Pesquisa Ambiental da Dinamarca. Em artigo científico na revista "Environmental Science & Technology", Sonne e seus colegas relatam que o problema também pode atingir outros mamíferos do pólo Norte, como raposas-do-ártico e orcas. Assim como os ursos polares, esses bichos carregam altíssimos níveis de poluentes em seu organismo.
A equipe coordenada por Sonne analisou os cadáveres de 55 machos e 44 fêmeas de urso polar do leste da Groenlândia. Os bichos foram caçados legalmente entre 1999 e 2002 por nativos da região, em atividade regulada pelo governo da ilha.
Já se sabia que os ursos têm grande quantidade de poluentes orgânicos em seu organismo porque devoram a espessa camada de gordura de focas. A gordura dos mamíferos marinhos está cheio dos chamados organohalógenos, que podem funcionar como hormônios.
Em média, os pesquisadores verificaram que o báculo (nome dado ao osso do pênis) dos ursos polares media uns 18 cm, enquanto os testículos do bicho tinham uma média de 8 cm de largura e pesavam 50 gramas (embora possam aumentar durante o período reprodutivo).
No entanto, surgiu uma correlação preocupante: quanto maior o nível de poluentes organohalógenos, menor eram o báculo e o testículo dos animais. O mesmo acontece com os ovários das fêmeas. Os pesquisadores dinamarqueses temem que o problema atrapalhe a reprodução dos ursos polares, que já é lenta por natureza, pondo a espécie em perigo ainda maior.
(
G1, 18/09/2007)