A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é contra o estabelecimento de metas, por meio da lei, para redução da emissão de gases que agravam o efeito estufa. A afirmação, feita nesta segunda-feira (17/09) na cidade de São Paulo, em audiência promovida pela Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas do Congresso, é de Nelson Pereira dos Reis, diretor do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp.
- As metas devem ser incentivadas de forma voluntária e por meio de uma política, em vez de serem estabelecidas em lei - disse ele.
Nelson Pereira Reis, assim como o relator da comissão, senador Renato Casagrande (PSB-ES), argumentam que a imposição de metas legais poderia prejudicar o desenvolvimento do mercado de crédito de carbono nacional, ainda incipiente.
Como alternativa, Casagrande defendeu a adoção de metas setoriais no país. Ele citou, como exemplo, a definição de metas específicas para a redução de emissões no setor de siderurgia e na indústria de alumínio, além de metas para a diminuição do desmatamento. O senador também ressaltou, assim como o diretor da Fiesp, que tais metas poderiam ser definidas em uma política nacional.
Situação inversa
Casagrande ressaltou que, no Brasil, 75% das emissões de gases que agravam o efeito estufa são provocadas por desmatamentos e queimadas, principalmente na Amazônia. Essa situação, frisou ele, é o inverso do que ocorre no planeta, pois a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, é a principal causa do aumento da temperatura em âmbito global.
- O governo federal precisa adotar metas de redução do desmatamento - reiterou o senador.
Casagrande observou ainda que, apesar de dispor de uma matriz energética extremamente limpa, baseada principalmente em hidrelétricas, se comparada com a das nações desenvolvidas, na qual as termelétricas têm um peso muito maior, o Brasil se apresenta como o quarto maior emissor de gases do mundo.
- Diante desse fato, surgem pressões para que o país assuma, no cenário internacional, metas de reduções de emissões junto com países como China e Índia - disse.
(Por Ricardo Koiti Koshimizu, Agência Senado, 17/09/2007)