Porto Alegre (RS) - Uma tecnologia desenvolvida por agricultores do Instituto Morro da Cutia de Agroecologia em Montenegro foi selecionada para a final do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007.
A tecnologia consiste em usar diretamente o óleo vegetal puro como combustível a partir de uma adaptação simples nos motores. A idéia surgiu há cerca de quatro anos, quando os restaurantes da cidade passaram a oferecer as sobras de óleo das frituras para os compostos que os agricultores já produziam. Como o óleo vegetal é considerado um material nobre para compostos, foi testado para o uso em veículos.
Os testes foram realizados em uma caminhonete que ficou conhecida como pasteleira por causa do cheiro de fritura que sai da descarga. O veículo foi doado pela fundação suíça Avina, que patrocinou o projeto. Nesses quatro anos, a pasteleira já percorreu 116 mil quilômetros com óleo vegetal em seu motor.
O ambientalista Paulo Roberto Lenhardt, responsável pelo projeto, explica que a tecnologia tem a vantagem de retirar o óleo do ambiente. Apesar de ser orgânico e biodegradável, o óleo é um produto altamente poluente. Em contato com a água, um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água. Além disso, o uso do óleo em motores incentiva a produção dos biocombustíveis, alternativa ao uso dos combustíveis fósseis.
"É um apelo muito forte de substituir a matriz energética, petróleo, não renovável, por uma matriz renovável. Tem todo esse apelo ecológico, limpar o meio ambiente e prevenir o efeito estufa", diz.
Lenhardt também destaca a importância do projeto para a autonomia do pequeno produtor. "Como o nosso foco é a agricultura na pequena propriedade, a agricultura familiar e a agricultura ecológica, é uma oportunidade de o agricultor substituir o petróleo na sua propriedade, seja no trator, no caminhão com que ele faz a feira, ou com que ele transporta as frutas", afirma.
Para o ambientalista, o reconhecimento de uma instituição como o Banco do Brasil dá um aval único para o processo, servindo como um credenciamento. A final do quarto Prêmio Fundação Banco do Brasil vai acontecer no dia 12 de novembro, em Brasília. A tecnologia de Montenegro vai concorrer com outros 23 projetos.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 17/09/2007)