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incêndios florestais
2007-09-18

As imagens obtidas via satélite mostram o território do Paraguai repleto de pequenos pontos vermelhos. O fogo devastou 400 mil hectares e as vítimas já passam de 15 mil, enquanto chovem acusações de ação governamental tardia. Há pouco mais de três semanas, cerca de 1.700 focos de incêndio, sobretudo no norte do país, arrasam povoados, florestas, plantações e pastagens, no que é considerada a pior tragédia da última década. Os afetados, camponeses, produtores agrícolas e pecuaristas, dizem que a situação é catastrófica e criticam a lenta reação do governo de Nicanor Duarte Frutos, que, apesar dos alertas sobre o incontrolável avanço do fogo, só na semana passada declarou a emergência nacional.

Os incêndios foram registrados em diferentes partes do território paraguaio, mas a situação atingiu níveis críticos no norte, em quatro dos 17 departamentos do país: Amambay, Concepción, San Pedro e Presidente Hayes. O governo decidiu reforçar com mais pessoas as equipes de combate ao fogo. O titular da Secretaria de Emergência Nacional, general da reserva José Kanasawa, disse à IPS que cerca de mil pessoas, entre socorristas e militares, foram enviadas para as zonas afetadas, onde já trabalhava uma quantidade semelhante. “A complexidade da situação vai muito além do que o controle humano pode realizar. Só o que podemos fazer é conter, resistir, evitar que o fogo continue se propagando e rezar para que chova”, afirmou.

O governo também pediu ajuda a Argentina, Chile e Venezuela, para que se somem à assistência que desde a semana retrasada o Brasil vem prestando. As autoridades brasileiras, que enfrentam o mesmo problema em regiões próximas da fronteira com o Paraguai, enviaram quatro aviões-tanque, que nos últimos dias lançaram mais de 500 mil litros de água sobre focos de incêndio. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se comprometeu a enviar um avião Ilyushin 76, de fabricação russa, com capacidade de lançar 41 mil litros de água por vôo. Seu aluguel custa US$ 1 milhão.

A seca que afeta a região complica a tarefa dos bombeiros e militares, que também carecem de elementos apropriados para seu trabalho: estão utilizando facões e outras ferramentas agrícolas em sua luta para controlar o fogo. Kanasawa explicou que a maioria dos focos de incêndio foi provocada por pequenos agricultores e pecuaristas, que recorrem habitualmente à queimada para renovar pastagens e retirar o mato de terrenos. “Não consideraram as condições extremamente secas do ambiente. O fogo se estendeu e ao chegar às florestas ficou fora de controle”, explicou.

Embora a queimada no campo esteja proibida por lei, é uma prática corrente nas zonas rurais, pela crença de que assim se renova o solo. Uma equipe de agentes do Ministério Público, liderada pelo procurador-geral do Estado, Rubén Candia Amarilla, partiu para a região afetada a fim de investigar as denúncias sobre incêndios intencionais. A previsão da meteorologia para as próximas semanas dá poucas esperanças. O gerente de Previsões do Ministério da Agricultura, Roberto Salinas, disse à IPS que, embora a seca seja habitual nesta época, existe um déficit de chuva em relação a anos anteriores. Somente dentro de 15 a 22 dias cairão chuvas importantes que ajudarão a dominar o fogo.

Alberto Soljancic, presidente da Associação Rural do Paraguai, que reúne os pecuaristas, comparou os incêndios com os furacões que arrasam as costas do Caribe. “As conseqüências são igualmente catastróficas”, disse à IPS. Sua propriedade de dois mil hectares em San Pedro foi praticamente consumida pelo fogo. “Infelizmente, demoramos em perceber o mal que está açoitando nosso país e agimos tarde, como de costume”, acrescentou. Embora não existam estimativas oficiais, Soljancic calculou que as perdas do setor produtivo passam dos US$ 10 milhões.

O gerente-geral da não-governamental Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas (Mcnoc), Luis Aguayo, disse que pedirão subsídios ao governo para enfrentar as perdas. “Um pequeno agricultor vai demorar seis meses para ter alimentos com que manter sua família. Enquanto isso tem de sobreviver”, disse Aguayo à IPS. Os hospitais e centros de saúde das áreas afetadas estão abarrotados de pacientes com problemas respiratórios e irritações na pele e nos olhos. O Circulo Paraguaio de Médicos recomendou a evacuação de pessoas alérgicas.

As zonas críticas estão a cerca de 300 quilômetros de distancia de Assunção, mas o efeito do fogo também se nota nesta capital, que está coberta por fumaça há dias, o que provoca problemas nos olhos e na pele da população. Também forçou o fechamento, em várias ocasiões, do aeroporto internacional Silvio Pettirossi. Vários vôos foram desviados para Ciudad del Este, a 330 quilômetros de Assunção. Embora as operações tendam a se normalizar, o diretor da Aeronáutica, Hugo Aquino, alertou que e escassa visibilidade “continuará até que chova”.

As organizações ambientalistas estão preocupadas com os efeitos a longo prazo dos incêndios florestais. “Os mais de 400 mil hectares de florestas queimadas são irrecuperáveis”, disse à IPS Danilo Salas, da não-governamental Fundação Moisés Bertoni. Se não forem tomadas medidas, os moradores poderão ser vítimas de doenças como malaria e dengue, entre outras, acrescentou. “Precisamos coordenar todas as instâncias do Estado e do setor privado para prevenir, por um lado, e, por outro, corrigir o problema. É um absurdo que, apesar de o país estar se incendiando, em algumas estradas se vê gente do campo fazendo queimada. Não estamos aprendendo com os erros”, ressaltou.

(Por David Vargas, IPS, 17/09/2007)


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