Avaliação é de pesquisador diante do alto número de ocorrências no ano O aumento significativo da ocorrência de queimadas em todo o território nacional, causado pela estiagem prolongada e pela baixa umidade do ar, já faz de 2007 um ano crítico, com perspectivas pouco animadoras. - Configura-se um ano atípico em relação aos anos anteriores. Vamos ter situações calamitosas em algumas semanas se as coisas continuarem assim - disse o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Alberto Setzer.
Ele é responsável pelo monitoramento dos dados dos satélites que detectam focos de calor, que, por sua vez, sinalizam a ocorrência das queimadas. Em agosto, esses satélites registraram 16.592 focos de incêndio em todo o país. O número é mais que o dobro do constatado no mesmo período de 2006, que somou 8,2 mil focos. A situação é mais grave no Pará (5.020), Mato Grosso (4.665) e Rondônia (1.663).
As queimadas em áreas de preservação ambiental subiram 43%, de janeiro a agosto deste ano, em relação a 2006. Entre julho e agosto, o monitoramento indicou quase 6,5 mil casos em unidades de conservação federais, estaduais e reservas indígenas.
No geral, só na primeira semana de setembro foram 6.515 focos de incêndio e de quarta para quinta-feira, durante 24 horas, os satélites observaram mais de 25 mil pontos de calor em todo o país.
Situação é pior na região Centro-OesteSegundo Setzer, em 2007, a situação está crítica principalmente na região Centro-Oeste - onde a vegetação rasteira do cerrado facilita os incêndios - e parte do Norte do Brasil. Desde o último final de semana, por exemplo, o fogo já destruiu mais de 15% do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.
O pesquisador disse que é difícil fazer a comparação de dados com anos anteriores porque dobrou o número de satélites que realizam essa tarefa, que hoje são 10. Como referência são usados dados dos satélites NOAA 12 - que foi desativado em agosto - e o NOAA 15, que o substituiu.
Imaginava-se, porém, que à medida que fossem aperfeiçoados os meios para se detectar os focos com maior rapidez, também houvesse uma redução no número de ocorrências, causadas pela ação dos homens.
- Podemos dizer que as queimadas aumentam gradativamente, demonstrando que a sede do homem em destruir é cada vez maior - afirmou Setzer.
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Diário Catarinense, 15/09/2007)