No dia 16 de setembro de 1987, 24 países se reuniram no Canadá e se comprometeram a reduzir gradativamente a produção e o uso dos produtos químicos que destroem a camada de ozônio. Hoje, com 191 países, o Protocolo de Montreal completa 20 anos com o mérito de ser, até o momento, o mais bem-sucedido tratado mundial de proteção do ambiente.
Esse êxito se sente no dia-a-dia. Já não se vendem geladeiras e aparelhos de ar-condicionado que usam o famigerado clorofluorcarboneto (CFC), gás que destrói a camada de ozônio. Nos supermercados, todo desodorante ostenta um selo que diz que aquele aerossol não contém o CFC. No noticiário, há muito o aquecimento do planeta ocupou o lugar do ozônio na pauta ambiental.
A camada de ozônio é uma espécie de membrana a 25 km de altitude que protege a vida na Terra contra os raios ultravioleta (UV) do Sol. Além de serem os maiores vilões do câncer de pele, os raios UV podem causar catarata e debilitar o sistema imunológico. Nos anos 70, um grupo de pesquisadores descobriu que o CFC tinha a perigosa capacidade de subir à estratosfera e destruir o ozônio, deixando o caminho livre para os raios nocivos do Sol. A incredulidade inicial da comunidade científica aos poucos deu lugar à preocupante constatação de que alguma atitude de escala mundial precisaria ser tomada.
Pelo Protocolo de Montreal, em 2010 o mundo abandonará oficialmente o CFC. O Brasil está adiantado. Deixou de produzir geladeiras que dependem desse produto em 1999 e proibiu a importação do gás no início deste ano. O CFC das geladeiras antigas precisa ser recolhido e reciclado. Dólares de um fundo internacional ajudaram os países pobres a trocar a tecnologia. “Tudo começou numa época em que as soluções multilaterais ainda não estavam na moda. Uns antes, outros depois, todos os países acabaram fazendo a sua parte”, disse ao Estado a coordenadora das Redes do Ozônio do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Mirian Vega.
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Agência Estado, 16/09/2007)