O risco de o Brasil enfrentar um apagão energético, até 2011, é de 22%, segundo avaliação do presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales. Ele explicou, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que o risco aceitável, segundo os organismos internacionais, é de 5%. Os dados são de um estudo organizado pelo instituto e divulgado em julho deste ano.
Embora considere alto o risco, Sales disse que isso não significa que haverá novo apagão em 2011. “Esse estudo nos dá o que eu chamo de, não um alerta, não um alarme, no sentido de que devemos abandonar o navio, porque vai afundar, ou seja, não estamos dizendo que com certeza vai haver racionamento, mas dizemos com segurança que o risco de 22% é muito alto, não se pode conviver com ele.”
Para ele, os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são importantes, mas é preciso investir mais em geração de energia. O PAC prevê investimentos na área de geração de energia de 12.386 megawatts para este ano e para os próximos. Na opinião de Sales, os investimentos ainda são insuficientes. “Supondo que não haja nenhum atraso nas usinas com as quais estamos contando nesse período, que ainda não estão prontas, mesmo assim, estarão faltando cerca de 1.800 megawatts médios”, disse.
Sales criticou o que considera falta de transparência do governo na divulgação de informações sobre o risco de um apagão. Segundo ele, o governo vem fazendo os cálculos considerando o risco de apagão, quando, numa situação de falta d'água para girar as turbinas de uma hidrelétrica. “Ele [o governo] considera um deficit único e exclusivamente quando a água acaba no reservatório, quando a usina pára de produzir energia, porque a turbina para de rodar. Ora, país nenhum do mundo vai, na realidade, deixar chegar a uma situação tão dramática quanto essa”, afirmou.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que também foi entrevistado no programa Revista Brasil, o risco de apagão em 2011 é muito pequeno. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema, responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil, o risco de ocorrência de um apagão em 2011 é de 5,9%.
Tolmasquim afirmou que o governo está fazendo investimentos em novas usinas para geração e transmissão de energia com o objetivo de evitar falta de energia nos próximos anos. “As usinas de geração são construídas tanto pelo capital privado como pelo capital estatal, com capacidade de 3.500 megawatts por ano, em média. Tem ano que é mais, tem ano que é menos, é mais ou menos essa média”, disse ele.
(Por Roberta Lopes,
Agência Brasil, 16/09/2007)