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crise da água
2007-09-17
O presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, o professor da Ufiscar, dr. José Galizia Tundisi, esteve em Limeira no primeiro Forum Ecológico de Integração Intermunicipal que abordou o tema “Água Preservada, Futuro Garantido”.
Em entrevista exclusiva à Gazeta, ele disse que a temática da água de qualidade depende muito mais de ações coletivas entre os poderes público e privado e ainda lembrou que esse recurso natural é mal distribuído no País. A água está concentrada muito mais no norte e sudeste, que em outras regiões. Confira entrevista na íntegra.

BIODIVERSIDADE:O senhor acredita que os setores público e privado precisam estar integrados para se colocar em prática as questões que envolvem o futuro ambiental do Planeta?
José Tundisi: Realmente, do ponto de vista institucional, tanto do setor público como do setor privado, evidentemente as questões ambientais têm tomado uma relevância muito importante. Todos já acordaram para o fato de que é necessário preservar para não faltar. Porém este desenvolvimento tem que acontecer de forma integral, no sentido de sempre se manter os recursos naturais. Tanto o poder público como o privado devem ter metas e trabalherem juntos para se obter resultados satisfatórios.

B:Mas porque as ações em prol a conservação dos recursos naturais ainda são tão morosas?
JT: Percebe-se que as bases precisam ser preservadas não apenas para a sobrevivência da humanidade, mas também pelo correto desenvolvimento sócio-econômico. Apesar de todos já terem esse ‘despertar’ em relação ao futuro do planeta Terra, as ações que definitivamente devem ser tomadas no dia-a-dia, ainda são poucas. Essa morosidade se dá devido a complexidade dos problemas. As ações, no entanto, devem ser coletivas e unir principalmente dois setores - público e privado. Para que possa se desenvolver economicamente, porém, é preciso eliminar o passivo ambiental e dar condições para a sociedade se organizar.

B: O senhor afirma que a água no território brasileiro está mal distribuída?
JT: Sim. A água assume três estágios, o líquido, o sólido e o gasoso. Para o homem, o único estágio interessante é o líquido. Embora o País retenha 12% da água do Planeta, grande parte dela está na Amazônia. Há uma má distribuição no País. Ela está mais concentrada na Região Amazônica do que na central. Por isso eu friso que é preciso conservar e recuperar os sistemas aquáticos, além de melhorar sua qualidade.

B: Corremos o risco de ver a água desaparecer no Brasil?
JT: Sempre falo que a questão da água passa pela demanda e disponibilidade. É necessário que haja um controle da demanda para melhorar o suprimento. O governo deve fazer um esforço muito grande no sentido de conservar e manter a qualidade de todas as bacias hidrográficas, tanto de águas superficiais quanto das subterrâneas.E ainda oferecer condições necessárias para que as que já se encontram poluídas, serem de fato recuperadas. Se essas ações não forem tomadas com responsabilidade é possível que haja o desaparecimento da água no Brasil.

B: Dê exemplos práticos sobre o que os municípios devem fazer para colaborar com a conservação da água?
JT: Vou citar três atitudes indispensáveis aos municípios:
Em primeiro lugar, eles devem participar dos Comitês de Bacias de tal forma que essa participação seja efetiva através de planos de gestão impulsionadas pelas Câmeras Técnicas. Em segundo, devem dar incentivos tanto para aqueles que economizam a água como para os que reduzem o consumo ou reutilizam a água e ainda para os que deixam de poluir. Na cidade de Bocaína-SP, está se implementando o IPTU ecológico. Tudo o que um bairro promover em benefício ao meio ambiente será examinado pelo CONDEMA e no final de ano, aquele que tiver mais ações ecológicas, recebera 10% de desconto das parcelas de IPTU. E por último, evitar a todo custo o desaparecimento da água em estado líquido. Criar-se as fazendas de água, onde os proprietários de terra recebam incentivos fiscais ao manterem intactas as matas ciliares próximas aos mananciais e ainda oferecer subsídios para esses fazendeiros manterem a qualidade das nascentes e dos rios que cortam suas terras.

Jornalista Randau Marques, o primeiro a denunciar problemas ambientais
Juntamente com Tundisi, no Fórum Ecológico Intermunicipal de Limeira, compôs a mesa o jornalista Randau Marques, o primeiro profissional a escrever sobre as questões ambientais do País. Entrevistado com exclusividade pela Gazeta, ele declara que hoje o jornalismo ambiental é uma tendência irreversível na imprensa mundial. Porém, tudo teve início em 1968, quando aconteceu em Paris, a Conferência da Biosfera. Na mesma época, surgiu na França a primeira entidade de jornalismo ambiental. “Foi nesse período que fui preso pela operação Bandeirantes. Fui considerado subversivo à época, porque escrevi no jornal de Franca uma reportagem sobre a contaminação de gráficos e sapateiros com chumbo. Também comecei a questionar a expressão “defensivos”, mostrando que os agrotóxicos eram responsáveis pela mortandade de peixes e intoxicação de agricultores. Após ter minha liberdade de volta, não tive dúvidas e me especializei em assuntos urbanos e questões ambientais no Jornal da Tarde.

Pelo diário do Grupo Estado, Randau cobriu, na capital gaúcha, a primeira polêmica ambiental envolvendo uma grande indústria. O fechamento da fábrica de celulose Borregaard, que atraiu por quase três meses a atenção de jornalistas de outros estados e do exterior. Essa poluição gerou o maior movimento ecológico gaúcho. Isso sem falar da famosa foto do estudante universitário Carlos Dayrel sentado numa acácia. Ele ficou horas em cima da árvore que seria cortada pela Prefeitura, para a construção de um viaduto. Os protestos dos ecologistas ganharam ampla cobertura da imprensa nacional, amordaçada pela censura militar.

Para finalizar, Randau frisou que atualmente preservar o meio ambiente pode ser considerado um motivo de saúde pública. “Daqui há alguns anos, devido a intensidade de agrotóxicos que se utiliza na lavoura, as pragas serão tão resistentes que somente na biodiversidade, o homem encontrará meios de reequilibrar os ecossistemas. Portanto,acredito que ninguém mais pode querer preservar o verde apenas para ver borboletas, isso é muito mais sério e depende de ações urgentes para que no futuro a própria humanidade não sofra conseqüências drásticas de mudanças climáticas intensas, ou da escasses de alimentos por exemplo”, concluiu.

Saiba como economizar água na sua casa
As maiores causas da escassez de recursos naturais no planeta têm origem em falta de ações políticas e governamentais. Mas o que cada um de nós pode fazer para tentar amenizar essa situação? De acordo com o presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, o professor Tundisi, o ato de evitar o desperdício de água pode começar em casa, com ações corriqueiras que são vivenciadas no dia-a-dia.

Vazamentos: Uma torneira mal fechada pode desperdiçar 46 litros de água em um dia. Com uma abertura de 1 ml, o fiozinho de água escorrendo será responsável pela perda de 2068 litros de água em 24 horas.

Banho: Ao ensaboar-se, feche as torneiras. Não deixe a torneira aberta enquanto ensaboa as mãos, escova os dentes ou faz a barba. Evite banhos demorados. Reduzindo 1 minuto do seu banho você pode economizar de 3 a 6 litros de água. Imagine numa cidade onde vivem aproximadamente 2 milhões de habitantes. Poderíamos ter uma economia de, no mínimo, 6 milhões de litros.

Vaso sanitário: Quando construir ou reformar, dê preferência às caixas de descarga no lugar das válvulas; ou utilize aquelas de volume reduzido. Não deixe a descarga do banheiro disparar (no caso de acionados por válvulas).

Torneiras: Instale torneiras com aerador (“peneirinhas” ou “telinhas” na saída da água). Ele dá a sensação de maior vazão, mas, na verdade, faz exatamente o contrário.

Jardins e plantas: Regar jardins e plantas durante 10 minutos significa um gasto de 186 litros. Você pode economizar 96 litros se tomar estes cuidados:
- Regue o jardim durante o verão pela manhã ou à noite, o que reduz a perda por evaporação;
- Durante o inverno, regue o jardim em dias alternados e prefira o período da manhã;
- Use uma mangueira com esguicho tipo revólver;

Água da chuva
Aproveite sempre que possível a água de chuva. Você pode armazená-la em recipientes colocados na saída das calhas ou na beirada do telhado e depois usá-la.

(Por Daniela Calderaro, Gazeta de Limeira, 16/09/2007)



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