As organizações ambientalistas criticaram hoje os resultados da oitava Conferência das Partes (COP 8) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CNULD), considerada um "fracasso" por não ter aprovado o orçamento para os próximos dois anos nem objetivos concretos. Os quase 200 países participantes da COP 8, concluída hoje apesar de seu encerramento previsto inicialmente para a última sexta-feira, aprovaram uma estratégia para os próximos dez anos mas não chegaram a um acordo sobre o orçamento devido à postura contrária do Japão.
A diretora do programa de Florestas da ONG WWF/Adena, Lourdes Hernández, considerou que a Conferência "fracassou categoricamente", já que foi aprovada uma estratégia sem orçamento previsto e não foram elaborados planos de ação. Segundo ela, o plano estratégico apresenta soluções mas, por não ter estabelecido um orçamento, corre o risco de se tornar apenas teórico.
Hernández chamou a postura japonesa de "egoísta" e criticou a indiferença do país, que não sofre os efeitos da desertificação, mas é "responsável em grande parte" pelo fenômeno por causa de seu modelo econômico e de desenvolvimento. A Adena pediu ainda uma melhoria dos mecanismos de participação da sociedade civil nas negociações para garantir que sejam adotadas decisões efetivas e não de acordo com interesses políticos e econômicos, como ocorre agora.
O coordenador do grupo Ecologistas em Ação, Theo Oberhuber, concordou: para ele, a COP 8 "não apenas não representou um ponto de reflexão, mas também fracassou", disse à agência Efe. A Conferência decidiu hoje a realização de uma plenária extraordinária em Nova York nas próximas semanas para tratar do aumento do orçamento inicial, que poderá ser de 5%, segundo o porta-voz do Ecologistas em Ação.
Segundo Oberhuber, este aumento é "ridículo" e manteria a Convenção como "irmã pobre" em relação às outras da ONU sobre Mudança Climática e Biodiversidade. Por isso, ele pediu um aumento de entre 10 e 15%. Mesmo assim, os ecologistas avaliaram positivamente a Declaração de Madri, lida na noite de sexta-feira pela ministra do Meio Ambiente da Espanha, Cristina Narbona, na qual foi feita uma chamada para que a Convenção de Desertificação estabeleça objetivos concretos.
O diretor-executivo do Greenpeace na Espanha, Juan López de Uralde, também lamentou que a COP 8 não tenha conseguido romper a tendência de "irmã pobre" e considerou que a oportunidade não foi aproveitada adequadamente, embora tenha resistido a usar o termo "fracasso".
Falando à Efe, Uralde criticou a falta de vontade política dos países desenvolvidos, "principalmente" porque os principais atingidos pela desertificação são os países mais pobres do planeta. Uralde disse que o fato de não terem sido registrados avanços "faz com que a situação continue um pouco na mediocridade na qual a Convenção está imersa".
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EFE, 15/09/2007)