MONITORAMENTO DA MINERAÇÃO DO CARVÃO APONTA RISCOS PARA POPULAÇÃO
2001-11-28
Como o carvão pode afetar a saúde humana? A pesquisadora Juliana da Silva, em parceria com os professores do Centro de Genética da UFRGS Bernardo Erdtmann e Thales Freitas, estudou esta questão em sua tese de doutorado. Ela monitorou, por dois anos, os mamíferos roedores das regiões de exploração de carvão nos municípios de Candiota e Butiá. Para atingir seu objetivo, os pesquisadores verificaram o impacto do carvão sobre os roedores que vivem sob o solo, chamados de fosoforiais. O carvão, por conter em sua constituição vários químicos, segundo Juliana, tem influência na estrutura populacional e na conservação dessas espécies, em especial, nos tuco-tuco, encontrados apenas no Estado. - Os resíduos da exploração do carvão são jogados em qualquer lugar. Em Butiá, as pessoas praticamente moram em cima dos rejeitos da exploração, revela. Embora tenha sido constatado o efeito nas populações de mamíferos, ainda não é possível avaliar qual grau de contaminação das pessoas. A pesquisadora elabora um projeto para no futuro: realizar também um monitoramento de risco para as pessoas do entorno e das que manuseiam diretamente o carvão. - Gente trabalhando em todos os setores, desde a mina até o escritório, estão expostas à poluição do ar, explica. Juliana diz que, pelas alterações observadas nos tuco-tucos, protegidos sob a terra, é alarmante a situação das populações, tanto em Butiá como em Candiota, que também sofrem com as Usinas Termelétricas I e II. O carvão queimado produz os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, considerados pelos órgãos ambientais internacionais como sendo dos mais perigosos.