Pelo menos cinco pessoas, incluindo um vereador, foram autuadas pela prática de crime ambiental no município de Novo Airão (AM), localizado a 200 quilômetros de Manaus. Os infratores foram descobertos pela Operação Anavilhanas, deflagrada na terça-feira, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph), da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas. A operação foi solicitada pelo Ministério Público Federal do Amazonas, após as denúncias de que servidores do Ibama no município estariam sendo ameaçados e teriam sofrido atentados e agressões.
- Muitas pessoas estavam ameaçando funcionários do Ibama, chegaram a incendiar veículos e envenenar animais domésticos, tudo em represália ao trabalho que o Ibama vem desenvolvendo. É preciso entender que o trabalho do Ibama aqui na cidade é de preservação. Por isso, essa operação também vai buscar iniciativas para conscientizar a população sobre o trabalho desta instituição. Hoje (quinta) pela manhã está sendo realizada uma reunião entre o poder executivo municipal, incluindo o prefeito, vice-prefeito e o secretário de meio ambiente, justamente para traçar uma política e uma estratégia para a população", conta o delegado da Polícia Federal, Caio Porto Ferreira, responsável pela operação.
Segundo a representação do órgão ambiental em Manaus, o fato merece atenção e deve ser acompanhado pela polícia por registrar, inclusive, o espancamento de um vigilante do Ibama em Novo Airão por homens não identificados. Em nota, a assessoria do instituto informou que a operação permitiu a vistoria de mais de 20 lojas, mercados, açougues, residências e depósitos. Nos locais foram encontradas tartarugas e jabutis (quelônios, pelo nome científico) colocados irregularmente à venda.
"Na casa do vereador Evilásio Lucas do Nascimento foram encontrados ovos da espécie iaça que estavam acondicionados para consumo. O vereador foi encaminhado à sede do Ibama, onde foi montada a base da operação, para prestar depoimento aos delegados federais e receber R$ 6.500 de multa por crime ambiental. O comerciante Amadeu Costa Ferreira também foi autuado e arrolado por crime ambiental por guarda de quelônio, recebendo multa de R$ 3.500", diz a nota.
Além de Nascimento e Ferreira, o madeireiro Eleny Costa Barbosa, foi preso em flagrante pelo porte ilegal de arma. Barbosa também detinha cinco motosseras e correntes, o que, segundo o Ibama, juntamente com as denúncias de que ele retirava madeira da estação ecológica de Anavilhanas e era um dos que ameaçou os servidores do Ibama, é suficiente para caracterizar o infrator, que em decorrência dos crimes, pode ficar mais de dez anos na prisão.
Segundo o delegado Caio Ferreira, a operação continua por tempo indeterminado. A ação vai possibilitar a fiscalização de todas as empresas madeireiras localizadas no município de Novo Airão, onde serão conferidos os estoques de madeira, as licenças ambientais e os Cadastros Técnicos Federais.
- Nessa primeira etapa, a operação deve se estender até esta sexta-feira e depois terá continuidade em determinados pontos, que no momento ainda não podem ser revelados para a não atrapalhar o desencadar dessa investigação - revela o delegado.
A região de Novo Airão, alvo da operação Anavilhanas, inclui o município de Novo Airão, a estação ecológica de Anavilhanas, o Parque Nacional do Jaú, a Área de Proteção Ambiental da Margem Direita do Rio Negro e tem influência sobre a Reserva Extrativista do Rio Unini.
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O Globo Online, 13/09/2007)