Afirmação foi feita por diretor do Ministério do Meio Ambiente, diz Agência Brasil. Segundo ele, mais da metade do potencial hidrelétrico depende de rios do cerrado.
As queimadas registradas no cerrado nos últimos dias podem trazer prejuízo ao abastecimento de água. A avaliação é do diretor de Conservação e Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, que classifica o cerrado como "a caixa d'água do Brasil", por causa do grande número de nascentes concentradas na Região Central do país.
"Mais da metade de todo o potencial hidrelétrico do Brasil depende dos rios que vêm do cerrado, e a qualidade e quantidade de água que boa parte do país utiliza para abastecimento urbano, para agricultura e para geração de energia vem dos planaltos do Brasil Central", disse Dias à Agência Brasil.
O desmatamento da região, causado pelas recentes queimadas, pode provocar o assoreamento e a diminuição da vazão dos rios, além da poluição da água. "Isso vai prejudicar consumidores e usuários de água no Brasil inteiro", afirmou.
Apesar de estar sujeito a um "ciclo de fogo" natural, o cerrado não consegue se recuperar de grandes incêndios no auge no período seco. Segundo Dias, a ocorrência de queimadas em intervalos curtos prejudica a capacidade da vegetação de se recuperar. "O regime de queima natural está associado à ocorrência de raios de tempestades na estação das chuvas, quando o incêndio começa e logo a seguir vem a chuva para apagar. Quando vem um incêndio nessa época [seca], o impacto é enorme e a mortalidade é muito maior", explica.
Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostram que de junho a setembro deste ano foram detectados mais de 21 mil focos de incêndio no país.
De acordo com Dias, o combate às queimadas exige capacitação e treinamento de pessoal para atuar perto das áreas de risco, como grandes parques, por exemplo. "O Brasil tem bons sistemas de monitoramento por satélite, isso dá uma idéia geral do que está acontecendo, mas é preciso ter um trabalho de vigilância, de monitoramento mais presente localmente", avalia.
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G1, 13/09/2007)