O Brasil assina nesta quinta-feira (13) com o governo da Dinamarca um acordo para marcar o interesse dinamarquês em comprar etanol produzido no Brasil.
Como parte da União Européia, a Dinamarca adotou a meta comum de chegar a 2010 com os biocombustíveis representando 5,75% do total consumido pelo setor de transportes.
Hoje, a utilização de etanol no setor de transporte da Dinamarca é insignificante, segundo o Ministério da Energia do país.
O acordo também preverá a cooperação dos dois países na área de energia renovável e eficiência energética, temas em que a Dinamarca esbanja excelência.
Entre 40% e 50% da matriz energética do país é composta de fontes renováveis, sobretudo energia eólica (a partir dos ventos) e biomassa.
Nos últimos 25 anos, a economia dinamarquesa cresceu 70% utilizando a mesma quantidade de energia, segundo dados oficiais.
O documento será assinado entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o ministro dinamarquês de Energia e Transporte, Jakob Nielsen, durante a escala em Copenhague do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que faz uma viagem de cinco dias pelos países nórdicos.
Ainda nesta quinta-feira, a Petrobras e o Centro de Tecnologia Canavieira assinam com a fabricante dinamarquesa de enzimas Novozymes outro memorando de entendimento para desenvolver etanol de celulose, produzida a partir de sobras de colheita.
Por utilizar sobras, a nova tecnologia possibilitaria aumentar a produção de álcool sem a necessidade de se plantar mais cana-de-açúcar - evitando pressão inflacionária sobre os alimentos e sobre o possível desmatamento causado por mais plantios.
Nesta quarta-feira, a ministra dinamarquesa do Meio Ambiente, Connie Hedegaard, disse que o país está apostando no etanol de 2ª geração como uma maneira de colher o que chamou de "benefícios ambientais totais da produção de etanol".
"A produção do etanol de primeira geração não é necessariamente boa para o meio ambiente", afirmou ela, horas antes da chegada ao país do presidente Lula à Dinamarca.
"A China já fala da possibilidade de proibir a fabricação de etanol a partir de gêneros alimentícios, por perceber que isso gera uma pressão sobre os preços do milho e do trigo. E agora os chineses começam a ver algo impensável antes, a falta de alimentos."
Mas a ministra destacou que a produção de etanol no Brasil "tem vantagens e faz sentido", porque utiliza uma colheita que não compete com outras de finalidade alimentícia.
Ainda na Dinamarca, o presidente abre um seminário empresarial para vender os benefícios de se investir no Brasil, e visita a LO, maior central sindical do país, onde esteve em 1991.
Depois Lula segue para a capital norueguesa, Oslo, onde cumpre agenda semelhante de encontros com empresários e chefes de Estado.
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BBC, 13/09/2007)