As soluções para minimizar os impactos que os sacos plásticos causam ao ambiente dividem especialistas e, em vários Estados, têm colocado em lados opostos os que defendem a utilização de um novo tipo de plástico fabricado com um aditivo que acelera sua decomposição e os que entendem que essa solução também causa estragos ao ambiente.
O governo de São Paulo vetou, em julho, um projeto de lei do deputado estadual Sebastião Almeida (PT) que obrigava comerciantes a adotar sacolas plásticas de mais rápida decomposição -oxibiodegradáveis. No Paraná e no Rio Grande do Sul, as Assembléias Legislativas discutem a aprovação de projetos de mesmo teor.
Em São Paulo, a principal razão apresentada pela Secretaria do Meio Ambiente para o veto à exigência do plástico oxibiodegradável foi que ele é produzido com aditivos químicos que contaminariam o solo e as águas -tese com a qual os defensores do produto não concordam. Para a secretaria, melhor seria esperar a produção de plásticos produzidos a partir do milho ou da cana-de-açúcar.
Tanto o plástico oxibiodegradável quanto o produzido a partir do milho ou da cana -chamados de biodegradáveis- têm decomposição muito mais rápida do que os hoje utilizados. O plástico comum leva pelo menos cem anos para se decompor -os oxibiodegradáveis, de 18 meses a três anos. A principal diferença entre os dois é que, no caso do oxibiodegradável, ele é comumente produzido a partir de derivados do petróleo. No caso dos biodegradáveis, são fontes renováveis de energia, menos poluentes.
"O melhor seria não usar plástico, não importa se é o usual ou o degradável", diz Sabetai Calderoni, do Instituto Brasil Ambiente. O ambientalista cita experiências feitas nos EUA e na Suíça de desestímulo ao uso do plástico em troca de sacolas de lona ou pano.
O pesquisador do Instituto de Mudanças Globais da Coppe/UFRJ, Luciano Basto, pondera que ainda não há substituto para o plástico, seja ele degradável ou não, no que diz respeito ao lixo doméstico.
"Hoje, acho improvável que alguém deixe de usar lixeira sem saco de plástico. Acho que a grande discussão seria como é possível gerar menos lixo. Para isso, é preciso rever nosso padrão de consumo. É como se resolvêssemos o problema da unha encravada. É importante fazer isso, mas o problema continua sendo o sapato que usamos, e não a unha."
(Por Antônio Gois,
Folha de S.Paulo, 14/09/2007)